Cultura

SEM CONFETES BARRADÃO NÃO PASSA EM EXAME DA FIFA, POR ZÉDEJESUSBARRÊTO

Vide
| 10/02/2009 às 18:45
Luta para se chegar ao Barradão, perigo para estacionar e engarrafamento para sair
Foto: Foto: Arquivo
  O que se viu no Barradão domingo passado, no BaVi, depõe contra a indicação do Estado como uma das sub-sedes da Copa do Mundo. Não cabem mais de 30 mil pessoas naquele estádio. Confortavelmente, sentados, como exige o bom senso, 25 mil.  Domingo, dizem, estavam umas 36 mil pessoas, muitas pelas encostas, pirambeiras, sentadas no barro, espremidas...  Um pequeno tumulto no lado da torcida Imbatíveis foi o suficiente para ferir mais de 50 pessoas e, graças a Deus, não houve mortes. 


Ganância, falta de bom senso, irresponsabilidade...  será que o episódio trágico da Fonte Nova não serviu de exemplo?


Ou as normas de segurança só valem para Pituaçu?


Fora do estádio, o que já se conhece. Um luta para se conseguir chegar, um risco estacionar e, pior,  duas horas e meia para se conseguir sair das imediações do estádio.
 
Bairros, ruas e avenidas fechados e nenhum ordenamento de tráfego eficiente.

Ali é, certamente, um excelente  centro de treinamento, um dos melhores do país; pode até abrigar alguns joguinhos meia-boca, mas o Barradão não passa em nenhum exame sério como um moderno estádio que dê segurança ao público para grandes jogos.


Isso é fato.


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O que tem acontecido em Itaparica, a terra de João Ubaldo Ribeiro, maior ilha da nossa  cantada baía de Todos-os-Santos, é de arrepiar. Na década de 70 era o paraíso dos veranistas, que dividiam o peixe de cada dia com os nativos, na santa paz.  Pois lotearam tudo, privatizaram praias, destruíram matas...   Hoje, a travessia pelo ferry-boat tornou-se uma aventura, as drogas pesadas tomaram conta dos distritos e povoados, a violência espanta, até dentro d'água. 

A polícia é ineficaz e desaparelhada, o serviço de saúde precário, o recolhimento e tratamento do lixo não sei se existe ... e a ilha definha.


Assim, como vamos pensar em transformar a baía de Todos-os-Santos, um dos pontos naturalmente mais atrativos do planeta, num polo de turismo náutico?  A fama corre mundo.  Os barcos estão se picando, apesar  dos ares de paraíso, das águas mornas e calmas. O medo de morrer é maior.

Acudam a ilha... antes que afunde de vez!


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É medonho saber que no dia da abertura das aulas da criançada nos bairros, cerca de 20 escolas públicas estão sem condições de receber alunos e professores. Pelo estado precário dos imóveis, falta de material básico e falta de gente ( professores e funcionários administrativos) por atraso  de pagamento de serviços prestados.  Como é, nada fizeram durante as férias, nenhuma previsão, nenhuma vistoria antes da abertura do ano letivo?  Quantos meninos e meninas  ficarão pelas ruas zanzando à mercê de tudo que é ruim e sem o estudo e o abrigo necessários?   Quem se responsabiliza?


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As estradas federais e estaduais da região produtora do São Francisco estão em estado miserável, apesar de a propaganda oficial dizer que tá tudo beleza. De Irecê a Xique-Xique, fim da estrada do Feijão, é só buraqueira. Nas bandas de Casa Nova, Remanso, Sento Sé, Pilão Arcado a Juazeiro e Petrolina, um horror!   Os políticos da região juram que há muito tempo existe dinheiro reservado pra refazer as estradas, mas a tal ‘política' mela o jogo e as obras nunca começam.  Alô Geddel, alô Wagner, alô ministro dos Transportes!!!


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Passo pela avenida do Bonocô (gosto do sonoro nome!) e olho pros monstrengos do tal metrô... nem uma viv'alma a trabalhar nas obras, parece que está tudo abandonado. Em 2010, ano de novas eleições, esperamos que os canteiros voltem a formigar e o trem, enfim, seja posto nos trilhos.  Que agonia!


 Ou terá sido uma parada estratégica em função do carnaval. Quem sabe o ‘broco do metrô' descamisado vai às ruas ao som do kuduro ?


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Que bom ler no ‘Bahia Já' o amigo A.Jorge relembrando fatos e gente da história baiana.  Queria vê-lo escrevendo também sobre os trens suburbanos de outrora, os ‘babas' nos campinhos suburbanos, na Baixa do Fiscal, na lama batida da praia de mangue diante dos Alagados, ao sol poente; as águas de março derrubando casas na encosta do Cacau, o alto-falante da rua Voluntários da Pátria, a horta de Zé Grosso, o São João de fogueiras e cobrinhas, o batuque dos candomblés em noites escuras, a infância em tempos de velocípede ...


Saudoso a navegar no tempo.