Cultura

CAUSO DOMINGUEIRO (78): AS SÁBIAS PALAVRAS DO REI AO ACALMAR SERVO

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| 25/01/2009 às 10:26
  Diálogo do rei, em Hamlet, e Laertes:

  Rei: Sua consciência deve agora sancionar minha absolvição, e seu peito acolher-me como amigo, pois, podes ouvir e comprovar que o homem que matou seu nobre pai atentava contra mim.

  Laertes: É evidente. Mas por que não procedestes contra feitos tão graves e tão certos de pena capital, quando a ele tanto nos obriga vossa segurança, procedência e mais motivos?

  Rei: Por duas razões especiais que, embora a ti te pareça difícil entender, tem uma grande força para mim. Sua mãe, a rainha, lhe idolatra. A meu respeito (seja minha morte ou minha desgraça, não se qual) tal é minha união com ela de corpo e alma que, qual astro que só gira em sua esfera, eu fora dela não existo. A outra razão, por não ter concedido cargos públicos com o carinho que as pessoas lhes professam, mudaria suas culpas em virtudes.

  Laertes: E eu me encontro agora sem meu nobre pai e minha irmã em condições angustiosas que, se elogio o que foi, desde a última reunião, tenha certeza de que me vingarei.

  Rei: Por isso não perca o sono. Não creias que sou feito de substância tão inerte que deixe o perigo me tirar a barba. Eu queria a seu pai, quando me quero a mi mesmo. E isso espero que entendas e estejas a imaginar.

 
* Trecho de Hamlet, William Shakespeare