Cultura

A BAIANADA EM MANHATTAN, NOVA IORQUE - II , COMENTÁRIO DE TASSO FRANCO

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| 06/01/2009 às 11:05

Nova Iorque - O foco da imprensa americana neste início de 2009 voltou-se com destaque para os conflitos entre Israel e o Estado Palestino, com provável extensão para outros países, diante da determinação do premier israelita Helmut ..., de que a ofensiva está apenas começando e não restará pedra sobre pedra ao Hamas. A crise da economia mundial, embora ainda com grandes espaços, ficou em segundo plano, lançando-a no colo de Barack Obama, o qual, assumirá a presidência dos Estados Unidos na segunda quinzena deste mês.


Os conflitos na faixa de Gaza serão, assim, o primeiro teste para a secretária de Estado Hillary Clinton, a qual, substituirá Condooleeza Rice, e vai tentar pela enéssima vez uma intermediação de paz no Oriente Médio entre palestinos e judeus. Tudo que Obama não quer, nesse momento, é exatamente ter que atuar em duas frentes tão desgastantes, a debacle da economia americana e uma guerra no Oriente Médio. Há quem afirme, inclusive, que o Hamas atacou Israel às vésperas de 2009 exatamente para testar Obama.


Enquanto isso, a vida segue seu curso nesta cidade extremamente cosmopolita onde convivem judeus, palestinos, africanos, asiáticos, latinos e a baianada. Creio que 80% dos motoristas de táxis são paquistaneses, indianos e afegãos. Os 20% restantes são negros norte-americanos. Há, também, brasileiros nesse mercado, mas, uma minoria. Falar em negros, já que estamos escrevendo para a Bahia, essa comunidade tem um foco completamente diferente do que se passa em Salvador, embora com a semelhança de que ocupa os espaços inferiores da sociedade nos empregos e oportunidades.


Os negros são motoristas, camelôs, atendentes de lojas, faxineiros, porteiros de prédios e garagens, embora, também já ocupem posições nas universidades, na advocacia e no mundo empresarial, mais vinculado às artes e aos esportes. No comércio, por exemplo, a comunidade está praticamente fora diante da predominância dos segmentos tradicionais dos brancos, judeus e asiáticos.


Mas, a cabeça do negro americano está longe da África e das relações da ancestralidade. Ninguém quer saber da África e de curriculos escolares com história da África e esssas bobagens que se vê na Bahia, e sim de uma ascensão social tendo como base a América e a contemporaneidade, o inglês, a informática, as novas tecnologias e assim por diante. O negro norte-americano se considera um americano que está neste Continente há 4 séculos e bye-bye África, este Continente que faça à sua parte.


Ao contrário do que acontece em Salvador, onde os africanos não pensam em imigrar e só aparecem por aí em eventos ou congressos culturais, ou quando escondidos em algum navio, o desejo de chegar aos Estados Unidos via Nova Iorque ou outra cidade é o sonho de africanos que tentam mudar de vida. Há, é verdade, uma comunidade enorme de africanos nesta cidade, todo mundo no sub-emprego (camelôs, faxineiros, etc) e que não pensa retornar à África. Porque, nesta condição, ainda assim, vivem melhor do que nos seus países de origem.


É claro que no meio desse caldeirão tem a baianada que trabalha por aqui e nosotros que estamos de passagem pela cidade. NY é um lugar caro. Um musical para se assistir, no balcão, lá no galinheiro custa algo em torno de US$30 a US$71.5 Numa posição melhor, na orquestra - na primeira área de cadeiras - algo em torno de US$265 a US$600 e na parte itermediária - no mezanino correspondente a parte alta do TCA - algo em torno de US$147 a US$170.


Mas, em compensação, com a crise da economia e as liquidações antecipadas do inverno os preços estão embaixo, tanto para quem gosta e aprecia comprar vestuário, jóias, perfumes, além, obviamente, dos preços tentadores dos eletrônicos. Compra-se um excelente lap-top por US$900 e/ou uma câmara de TV, último modelo, por US$2.200. As alternativas são imensas e está todo mundo dando descontos entre 20 e 40% nas mercadorias. Para os estrangeiros, algumas lojas estão dando descontos de 50% em qualquer produto.


Por fim, para não dizer que só falei de flores, o vôo da American Airlines que vai a Maiami não é direto. Tem escala em Recife e os passageiros têm que saltar do avião. O retorno é diretor para Salvador. O vôo é um pau de arara repleto de baianos, pernambucanos e nordestinos de uma forma geral que embarcam em Salvador e Recife. São poucos os americanos que viajam nele. Essa história de turismo étnico para a Bahia é conversa fiada. São raros os negões no vôo. Há, portanto, muita propaganda enganosa nessa matéria.


Quem está voando é a baianada com seus minguados dólares para fazer a festa, ao seu modo, em Miami, Orlando e em Nova Iorque. De volta, pois, à boa terra.