Cultura

GINA LEITE LANÇA "COMO SE FOSSE O MESMO CÉU", PRÓXIMO DIA 12

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| 08/12/2008 às 14:04
  Como se fosse o mesmo céu, da escritora, fotógrafa e produtora Gina Leite, nasce inserido numa estética contemporânea que mistura as linguagens literária, musical e gráfica. O objeto temático aglutinador dessas vertentes artísticas é o amor - seus encontros e desencontros, fragilidades e arrebatamentos.

  Assim, em tom de ficção póetica, a narrativa ganha a confiança do leitor na medida em que cria identificação com situações ordinárias de uma vida a dois. A volúpia ritmada desse espelho de sutilezas é um prato cheio para quem já viveu ou viverá um grande amor.


   As duas primeiras partes do livro - Como se fosse o mesmo céu I e Como se fosse o mesmo Céu II - perfazem, juntas, vinte capítulos. Cada um deles é ilustrado por um artista plástico baiano, a exemplo de Caetano Dias, Andrea May, Joshu e Iansã Negrão.
   Ao passo em que dialogam com o texto, as imagens compõem um breve panorama das artes gráficas realizadas atualmente em Salvador, utilizando técnicas e suportes variados, como desenho vetorial, fotografia, aquarela, nanquim e colagem.


  Outra característica peculiar dos vinte primeiros capítulos é que, apesar de isoladamente possuírem unidade própria, juntos, além de darem sentido à continuidade da história, eles têm uma lógica numérica. Capítulos ímpares correspondem à fala feminina, enquanto os pares dão voz à personagem masculina, podendo ser lidos alternada ou seqüencialmente.

  Com tal diálogo de sentimentos tem-se a primeira história do livro, falando de escolhas, liberdade, ausência do outro e necessidade de mudança, enfim, a vivência do amor.


  O monólogo de Sobre o Vento, terceiro e última parte do volume, corresponde à segunda história, que passa do grito de dor ao silêncio e cujo tema central é o sofrimento causado pela incapacidade de expressão. Monólogo porque, ao contrário das vozes distintas e intercaladas da primeira história, apenas a fala verbal masculina aparece dessa vez.

  A mulher consegue se manifestar por via da música, em partitura original composta por Heitor Dantas, apresentada ao leitor no último capítulo.


  Numa busca etérea, porém aguçada, a autora transmite algumas preocupações que permeiam a terceira parte do livro: dilemas éticos, relacionamento entre pessoas de idades diferentes, vivência do sofrimento e sua superação, papel da arte como forma de expressão e entendimento de si.


  O alter ego e fraquezas humanas das personagens - ainda que elas sejam fictícias e abstratas - são facilmente capturados pelo leitor mais atento e sensível. Uma obra literária de alto grau de elaboração formal e de síntese verbal, cuja publicação é independente e em formato experimental. Importante citar, por fim, a designer Inara Negrão, responsável pelo cuidadoso projeto gráfico do livro e o conselho de projeto gráfico e editorial, respectivamente de Iansã Negrão e Wladimir Cazé.


CONTO POETIZADO
OU POESIA CONTADA?

Além da convergência de linguagens - literatura, música e artes visuais, a inovação do projeto está também no estilo particular de expressão literária. A  obra aproxima-se de dois gêneros clássicos: o lírico e o narrativo. O gênero lírico se manifesta através da poesia e o narrativo vem à tona por meio do conto.


O conto é a mais breve e simples narrativa centrada em um episódio da vida, conseguindo condensar no seu espaço todas as possibilidades da ficção. Já a poesia tem a subjetividade como uma de suas características mais marcantes e se posiciona em face dos mistérios da vida. Mas como classificar Como se fosse o mesmo céu, afinal?


A AUTORA

Gina Leite participou em 1998 da antologia poética A última palavra, resultado do Concurso Nacional Prêmio Luiz Ademir de Literatura Brasileira

Como fotógrafa, expôs na VI Bienal do Recôncavo (2002), participou do projeto Caixa Populi Bahia (2003), expôs no V Mercado Cultural (2003), participou da coletiva Mostra de Inverno - Impressões da Groenlândia (2004) e realizou a exposição Trabalhadores de São Francisco do Paraguaçu, no Centro Cultural João Antônio de Santanna.

Em 2006, participou do livro Fotografias da Domingueiras - Ano 2, participou da exposição coletiva Vazio Voraz, realizada na galeria Solar do Ferrão, e do primeiro número da revista eletrônica [ i ] Ato, do coletivo Vazio Voraz. (http://www.revistaiato.blogspot.com)