O repertório de 24 canções trouxe releitura de clássicos do forró e arranjos arrojados, sampleados do pé-de-serra aos acordes da inconfundível guitarra do rock and roll. Mistura que reproduziu o liquidificador cultural da carreira de 25 anos do cantor, compositor, cordelista e forrozeiro que tem 10 discos gravados e acumula experiências como a participação no encontro de trios e desfile no Carnaval de Salvador.
Para Zelito "o DVD foi a realização de um sonho, a celebração de várias fases da vida artística".
Zelito ainda reuniu no palco os amigos e forrozeiros Adelmário Coelho, Targino Gondim e Léo, da banda Estakazero. "Fiquei lisonjeado e orgulhoso em participar da gravação do DVD", revelou Targino.
O show foi enriquecido por montagens teatrais, cenário rústico, balé e iluminação futurista. A combinação entre o tradicional e o moderno deu o tom também ao repertório de Zelito, responsável pela fusão de ritmos que caracterizam o forró temperado, criado por ele. "Passei de fã e admirador a um artista que dividiu o palco com um ícone como ele [Zelito Miranda]. Para mim, foi uma viagem no tempo", comentou Léo.
SÃO JOÃO
A abertura do espetáculo surprendeu o público com uma encenação da procissão que antecedia as festas de São João no interior, ainda em sua origem. A partir daí, Zelito comandou a apresentação demonstrando grande performance e sincronia com a montagem. Para acompanhar o seu ritmo, o cenógrafo e diretor artístico Roberto Spíndola criou um ambiente rico em elementos da cultura nordestina, do cenário ao figurino.
Entre uma apresentação e outra, os dançarinos usavam roupas ilustrativas das várias manifestações populares do nordeste, presentes na música e na coreografia.
Passos de capoeira, maracatu, caboclinho, xaxado, arrasta-pé, baião e da tradicional quadrilha retrataram no palco um pouco do que é apresentado em cada canto do nordeste.
"Apostamos em um cenário de linguagem expressiva e moderna, que são símbolos do trabalho singular de Zelito", definiu Spíndola. A usual cortina foi restilizada e ganhou ares rústicos com pano de estopa e tinta fosforescente para refletir os efeitos da iluminação, que realçava o roteiro da montagem com símbolos novos e antigos do nordeste.
Um dos momentos mais marcantes do show foi a releitura produzida por Zelito para um hino do forró: Asa Branca. Os arranjos feitos com o som dos quatro cantos do mundo, reproduzindo a música-símbolo do nordeste, encantaram o público. Em ritmo japonês, espanhol, argentino ou francês a Asa Branca decolou e pemiou o público com a sutileza corporal e figurino nipônicos, a sensualidade da dança flamenca, a sedução do tango e a provocação do cancan. "