Cultura

MEMORIAL DA CÂMARA APRESENTA EXPO SOBRE ILHA DE BOM JESUS DOS PASSOS

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| 01/11/2008 às 15:20

 

Os artistas plásticos Alice Santos e Wilson Santos são os pais da também artista plástica Rita Freire. Os três decidiram trabalhar em família e expor, através de pinturas e fotografias, o cenário em que viveram, a Ilha de Bom Jesus dos Passos. A exposição, intitulada "Bem Vindos à Ilha de Bom Jesus dos Passos. Uma ilha, uma história para contar...", está aberta a visitações no Memorial da Câmara Municipal de Salvador até o dia 12 de novembro, de segunda à sexta-feira, das 9 às 18 horas.


Apesar do quase desconhecimento de grande população soteropolitana, a Ilha de Bom Jesus dos Passos faz parte de Salvador. Localizada entre as ilhas dos Frades e Madre de Deus, o único acesso Bom Jesus dos Passos se dá pelo mar, através de embarcações marítimas que partem do município de Madre de Deus, que fica há 70 km de Salvador. A população de Bom Jesus dos Passos, cerca de 4 mil pessoas, só começou a desfrutar de energia elétrica no ano 2000; água encanada é praticamente uma novidade, só chegou há apenas três anos.


São justamente essas características que fazem de Bom Jesus dos Passos uma vila de pescadores tradicional, conservando características culturais que apresentam traços tanto do recôncavo baiano, quanto da singularidade dos festejos populares cristãos que marcam o calendário da ilha.

"Escondida como uma pérola numa concha com suas belezas naturais fascinantes", assim descreve Rita Freire. Ela fala ainda sobre a idéia da exposição: "Nosso interesse é proporcionar aos visitantes uma viagem para essa ilha através de fotografias, pinturas a óleo sobre tela e desenho a carvão, e ao mesmo tempo mergulhar na sua história, nas suas crenças e cultura", convida.

 

Tradição

 

A imagem das casas seculares, de arquitetura simples e carregadas de história, está presente nas fotos e pinturas expostas, como foi evidenciado pelos convidados no dia da estréia, 30 de outubro, que em sua maioria eram ex-moradores de Bom Jesus dos Passos: eles traçavam a árvore genealógica das famílias através das casas, que foram mudando de moradores ao passar das gerações.

Está presente também na exposição a figura do pescador e das jangadas e veleiros, que caracterizam a tradicional atividade econômica da ilha, a pesca. Assim como é nas vilas do recôncavo baiano, em Bom Jesus dos Passos também há as senhoras rendeiras, devidamente apresentadas na exposição, que carregam consigo o dom e o conhecimento transmitido por gerações.

 

Religiosidade

 

A característica cultural marcante de Bom Jesus dos Passos é, certamente, a sua religiosidade. As principais festas do calendário da ilha são a do Senhor Bom Jesus dos Passos, no dia 11 de janeiro, esperada através de cortejos e novenas que a antecedem; e a procissão marítima de Nossa Senhora dos Navegantes, que acontece logo no dia seguinte, 12 de janeiro. Nesta época a ilha recebe visitantes de toda parte do país, que não se incomodam se acomodar em barracas de camping, já que na cidade há apenas duas modestas pousadas.

 

Figuras ilustres

 

A exposição abre espaço também para homenagear os artistas que nasceram em Bom Jesus dos Passos. O mais conhecido, o cantor e compósito Gerônimo, foi lembrado por não abandonar o seu berço e há cinco anos realizar o projeto "O pagador de promessas", que leva espetáculos musicais e culturais para a ilha.

Não menos importante e ilustre para os habitantes de Bom Jesus dos Passos é o artista plástico Izolino Passos, que além das suas reconhecidas esculturas e pinturas a óleo, foi o idealizador do tradicional "Ternos de Reis", dos blocos carnavalescos e das "caretas do carnaval". Os "Ternos dos Reis" são vestimentas ornadas para o carnaval; as "caretas do carnaval" é a tradição, que começou através do artista plástico, em que as crianças e jovens usam mascaras e saem às ruas, nos dias que antecedem o carnaval, dando sustos e se divertindo.