A Manoel Lorenzo Galeria de Arte abre a partir do dia 4 de novembro, às 20 horas, com temporada até dia 25 de novembro, a exposição "Por quê", primeira mostra na Bahia da artista mineira Selma Weissmann, com 23 telas em acrílica e 10 esculturas em terracota, retratando figuras femininas, todas elas reproduzindo o rosto, ou cabeça e busto, mas também alguns corpos, mulheres deitadas ou sentadas em toda a sua expressão de feminilidade.

  Selma Weissmann é reconhecida nacionalmente por seus trabalhos com paisagens, figuras, naturezas mortas, obras normalmente envoltas por uma atmosfera onírica, de enlevo e mistério, e nesta primeira exposição na Bahia escolheu apresentar toda uma mostra retratando a mulher, estabelecida por uma cor exuberante em seus contrastes e contrários, proporcionada por uma luz mágica e poética que se pode ver em cada tela.

  Nascida em Belo Horizonte, Selma Lobo Weissmann estudou na Escola Guignard no período de1965 a 1975, espaço onde na década de 80 lecionou desenho e pintura. 
Atualmente dá aulas de pintura em seu atelier.

  PRÊMIOS

  Entre seus prêmios recebeu em 1970, o de "artista revelação", no Palácio das Artes, Belo Horizonte, Minas Gerais. Este ano já expôs na Galeria de Arte Copasa e Pinturas/desenhos, na Pequena Galeria, Teatro da Cidade, Belo Horizonte, Minas Gerais.

  Com o título "Não desperteis a Beleza", a escritora, psicanalista, professora de literaturas portuguesa e brasileira da Faculdade de Letras da UFMG, doutora em literatura comparada pela UFMG, e pós-doutorada pela Universidade Nova de Lisboa e pela Universidade da Califórnia, Lucia Castello Branco, escreveu especialmente para esta mostra de Selma Weissmann, na Manoel Lorenzo Galeria de Arte, o seguinte texto:

  "Talvez pudéssemos caminhar inocentemente por estes rostos de mulher, por estas cabeças de mulher, por estes pequenos corpos de mulheres de argila, não fossem seus olhos e o que eles revelam.

  Talvez pudéssemos persistir nesse caminho, se não fôssemos surpreendidos abruptamente pela beleza da forma e da cor que as encobre, sem disfarçar sua nudez. São rostos nus o que vemos, são mulheres nuas o que nos olha antes mesmo que possamos vê-las.
 
  E, quando nos detemos a olhá-las, o que vemos não é mais que um rosto: superfície de cor e textura que nos reenvia para longe. Onde? Eis que estamos no exterior, lançados para fora de nós mesmos e ainda para além destas imagens, por uma estranha operação da beleza. Porque é trabalho de véu o que a beleza destas mulheres realiza, como que a sugerir que o encoberto deve assim permanecer: re-velado. 

   BELEZA DAS MULHERES

  É Bataille quem nos ensina com seu texto tão impactante quanto estas imagens de Selma Weissmann que, "quanto maior a beleza, maior a mancha". Mas talvez Bataille não tenha chegado a perceber o que o poeta Francis Ponge formulou em seus Métodos: que é a beleza do mundo o que nos faz a vida tão difícil. E não é por acaso que uma voz feminina como a de Emily Dickinson assim se pronunciou: "I died for Beauty".
 
  Aqui, nestas pinturas e esculturas de Selma, não é exatamente a beleza do mundo o que nos arrebata, mas precisamente a das mulheres. E seu horror: olhos vagos, olhos tristes, olhos perfurados, olhos que nos atravessam. Eis que somos lançados ao aberto de um fora do mundo: o rosto e sua superfície. Faces que se abrem sobre nada, sem molduras capazes de fixá-las, parecem querer dizer: "não desperteis a Beleza".

  Diante da nudez de um rosto, o que pode a beleza? Talvez revelar que a essência da mulher reside em tais superfícies e que é parte de seu trabalho - de Sherazades, Penélopes, e Selmas - tecer, secretamente, a delicada tela desta vida". 

  GALERIA
  MANOEL
  LORENZO

 Constituída por um acervo de artistas brasileiros modernos e contemporâneos, a Manoel Lorenzo Galeria de Arte (Av. Tancredo Neves, 2158, Loja Artefacto, tel: 33419922) vem atuando de maneira objetiva e significativa no cenário da arte na Bahia como um espaço criativo para a produção e promoção das artes visuais nos dias de hoje, e ao mostrar pela primeira vez ao público baiano uma exposição da artista Selma Weissmann, dá seguimento a sua trajetória de apresentar o que há de mais atual na arte brasileira.