Cultura

MÃE CLEUSA INTEGRA ORDEM DO MÉRITO DA BAHIA EM HOMENAGEM PÓSTUMA

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| 16/10/2008 às 16:01
O governador Jaques Wagner durante solenidade no TCA (Foto/Agecom/Roberto Viana)
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   O governo estadual promoveu, nesta quarta-feira (15), numa cerimônia na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, uma homenagem póstuma a Mãe Cleusa, após dez anos de seu falecimento.


  Filha de Mãe Menininha do Gantois, tendo sido a herdeira do posto da ialorixá mais famosa da Bahia, Cleusa Milltet - seu nome de batismo - passou a ingressar a lista dos condecorados com a Ordem do Mérito da Bahia. O trabalho sócio-cultural beneficiando toda a comunidade próxima do Terreiro do Gantois, instalado na Federação, foi a principal justificativa para a homenagem.


 A honraria é oferecida aos cidadãos que "tenham prestado relevantes serviços ao Estado", conforme prevê a Lei 2854, de 1970, que instituiu a Ordem.


  "Não tive a oportunidade de conviver com Mãe Cleusa, mas esta homenagem é uma forma de reverenciar, por meio da sua história, o povo de santo que, ao longo de séculos, vem lutando contra a discriminação, incluindo enfrentando hoje o preconceito de muitos remanescentes neste desrespeito à religião de origem africana, tão fortemente ligada às nossas raízes e muito presente até hoje, graças aos que lutaram pela preservação cultural", declarou o governador Jaques Wagner.


  GRÃO-MESTRE

 Grão-mestre da Ordem, Wagner fez a entrega simbólica da comenda à filha de Mãe Cleusa, Mônica Millet.

 "É uma alegria para o povo do candomblé este reconhecimento da importância de Mãe Cleusa, não apenas cultural, mas por ações realizadas em prol da comunidade", afirmou Mônica.


 A homenagem foi comemorada em clima de festa no TCA, com apresentação do cantor Gerônimo e o som de reverência dos atabaques do candomblé.

Perfil


 Cleusa nasceu em Salvador, em 1923, filha de Maria Escolástica da Conceição Nazareth (Mãe Menininha do Gantois) e Álvaro Macdowell de Oliveira.


 Formada pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1946, foi no Rio de Janeiro que se casou com Eraldo Diógenes Millet, em 1953, com quem teve três filhos.


 Em 1965, a filha de Mãe Menininha decidiu mudar-se novamente para Salvador por causa do estado de saúde de sua mãe, passando a morar no Alto do Gontois, quando intensificou sua participação nas atividades do terreiro e da comunidade. Três anos após o falecimento de Mãe Menininha, em 1989, assumiu o posto de ialorixá, dando continuidade ao trabalho desenvolvido por ela.