Cultura

ANDRÉ SETARO PROMOVE OFICINA DE CINEMA CONTEMPORÂNEO EM SALVADOR

Vide
| 02/10/2008 às 21:29
  O crítico de cinema André Setaro está promovendo uma oficina sobre Cinema Contemporâneo programada em 9 (nove) aulas, uma vez por semana, às quartas, das 20 às 22 horas, com uma carga horária total de 16 horas.
 
  Com 20 vagas e local da realização Solar da Esquina, Largo de Santana, Sala 7 (casarão ao lado da "Acarajé de Regina" e em frente à casinha, que fica do outro lado da rua, de Yemanjá), de 15 de outubro a 10 de dezembro, a inscrição se dá com a apresentação do depósito de pagamento no banco de R$250,00 (duzentos e cinqüenta reais).

  Cada participante vai receber um
kit com os oito filmes do programa. Feito o depósito, o candidato deve guardar o comprovante e enviar um e-mail notificando de sua realização. A entrega do comprovante deve ser feita obrigatoriamente quando da primeira aula. Para maiores informações: 71. 3247.2290 e 88067572 ou setaro@gmail.com


OBJETIVO

A Oficina presente, Expressões do Cinema Contemporâneo, continua a precedente, que se intitulou 8  Faces do Cinema Contemporâneo, considerando que faltou, nesta, alguns realizadores importantes sem os quais a visão de contemporaneidade da cinematografia atual ficaria incompleta, ainda que haja a ausência de mais uns poucos. 


A linguagem cinematográfica se constrói através do século passado e apenas se cristaliza, de forma sistemática e madura, em torno de meados do decurso dos anos 60.

O cinema, arte jovem, se comparada com as demais, milenares, se aparece, oficialmente, com a projeção das imagens em movimento, em 1895, graças à pesquisa dos irmãos Louis e Auguste Lumière, leva, no entanto, mais de 20 anos até que surge a possibilidade de ter, fluente, a narrativa cinematográfica em O nascimento de uma nação (The birth of a nation, 1914) e Intolerância (Intolerance, 1916), do americano David Wark Griffith, pai da narrativa do filme. O cinema, portanto, demora 20 anos a descobrir, aos poucos, os elementos constitutivos de sua linguagem.

A partir de Griffith, esta, a linguagem, se vai enriquecendo com a descoberta de novas possibilidades lingüistas para a expressão fílmica: Eisenstein com a sua montagem de atrações, a estética da arte muda do expressionismo alemão, a revolução de Orson Welles em Cidadão Kane (1941), com a exploração da profundidade de campo e as mudanças de pontos de vistas, a inovação do despojamento do neo-realismo, o "descer às ruas" e o "abraço ao mundo" efetuado por Roberto Rossellini, a desdramatização praticada por este e por Michelangelo Antonioni a estabelecer o domínio da antinarratividade, a desconstrução da intensidade dramática, e o advento do filme-ensaio de Jean-Luc Godard, o Cinema-Verité (Cinema-Verdade) de Jean Rouch, etc.


O fato é que a maturidade da linguagem se dá, de maneira plena, na década de 60, quando cessa, por assim dizer, a invenção no cinema, e sinaliza o fim dos cineastas-inventores-de-fórmulas. 


O cinema contemporâneo se estabelece a partir da constituição plena de uma linguagem. A Oficina pretende, portanto, caracterizar o processo de criação cinematográfica dos realizadores que surgiram (exceção se faça a Alain Resnais) depois da constituição completa da linguagem cinematográfica. A inclusão de Resnais, o último, talvez, cineasta-inventor que ainda se permite atualmente fazer obras inventivas, deve-se à sua permanência como construtor. Nesta nova etapa, a oficina tem como objetivo investigar o universo ficcional e a estilística de realizadores como Erich Rohmer, Clint Eastwood, Joel e Ethan Coen, Krzystof Kieslowski,  Martin Scorsese, Paolo e Vittorio Taviani, Stanley Kubrick.