Cultura

VIVA NOSSO BRASILEIRO JOÃO UBALDO RIBEIRO, POR APARECIDA TORNEROS

Aparecida Torneros é jornalista
| 27/07/2008 às 14:19
 

 Fã dos seus textos e da sua ironia fina, fiquei muito feliz quando tomei conhecimento de que o prêmio Camões de Literatura da língua portuguesa deste 2008 acaba de ser conferido ao baiano-carioca Jão Ubaldo Ribeiro.


  Merecido, pensei. Afinal, sua obra é intensamente presente na literatura brasileira moderna, além de atuar ainda, com sutil performance, no colunismo dominical do jornal carioca O Globo.


  Lembro que nos anos 80, usei , em sala de aula, com alunos do curso de Jornalismo, na Universidade Gama Filho, seu livro " Viva o Povo Brasileiro". Foram aulas antológicas e inesquecíveis. A garotada entrando em contato com sua forma peculiar de contar histórias e nos envolver com as lides personalistas do idioma ora regional , ora nacional.


  Algumas vezes, depois de ler suas crônicas nos domingos, me vejo revivendo alguma frase do seu sagaz repertório descompromissado, aparentemente, mas de uma profundidade própria dos artífices que dominam os meandros da língua, e suas faces múltiplas, como é o caso do João Ubaldo.


  "Sargento Getúlio" e "O sorriso do lagarto" ( este virou mini série da televisão), são obras importantes na literatura de nossa língua e dão o tom da vivência da brasilidade que ele sabe nos passar com perspicácia, um certo grau apimentado e, com seu jeito largadão de quem nem se preocupa com que vem por aí, sem , entretanto, nos privar do principal : enredos fortes, sentimentos densos, palavrório intenso e um humor especial.


   Quanto à sua participação nos textos do programa "Faça sua história", apresentado na televisão, após o Fantástico, creio que exerce uma função primordial, ou seja , popularizar ainda mais o escritor para que nossa gente o incorpore com maior intimidade, como aconteceu, ao longo dos anos, com o outro baiano que nos orgulhou sempre, seu conterrâneo Jorge Amado.


   Viva o nosso brasileiro, o João Ubaldo, o oitavo patrício a ganhar esse prêmio, reconhecido por seu trabalho na literatura nacional e, principalmente, por seu conjunto de obras em língua portuguesa.


   Esse prêmio não só nos honra como projeta o nosso João entre os dignos representantes da escrita na língua de Camões, a "última flor do Lácio, inculta e bela", quer seja ela , temperada com sabor luzitano, abrasileirada, abaianda, acariocada, ou à moda Ubaldiana, entre um passeio na orla do Rio ou na orla de Salvador, tanto faz,  a felicidade dá no mesmo.


Também, lá pelas bandas do Tejo e do Porto, teremos um brasileiro, chamado João Ubaldo, caminhando nas letras para receber, com matreirice baiana, o prêmio que o seleto júri lhe concedeu. Nós, desde cá deste lado do Atlântico, aplaudiremos de pé, viu, Ubaldo!


Aparecida Torneros, jornalista,

Rio de Janeiro