Larry Harmon, que interpretou o palhaço Bozo por décadas e licenciou o nome para outros Bozos ao redor do mundo, morreu nesta quinta-feira (3) aos 83 anos de falha cardíaca. A informação foi confirmada à Associated Press pelo assessor de Harmon, Jerry Digney.
Ainda que o personagem tenha sido criado por Pinto Colvig para uma série de discos infantis lançada pela Capitol Records em 1946, foi Harmon quem primeiro vestiu o nariz de palhaço, a peruca alaranjada e a fantasia vermelha, azul e branca na época para divulgar a coleção de álbuns.
Aproveitando a oportunidade, ele se ofereceu para comprar os direitos da franquia e, como empresário, passou a difundir o palhaço Bozo para diversos canais de televisão dos Estados Unidos e do mundo.
"Você poderia dizer, de certo modo, que eu estava clonando o palhaço Bozo antes que qualquer pessoa começasse a clonar DNA", brincou Harmon em uma entrevista a AP em 1996. "Bozo é a combinação da sabedoria adulta com as maneiras infantis que existem em todos nós", disse.
Susan Harmon, sua mulher durante 29 anos, indicou que Harmon era o homem perfeito para o Bozo. "Ele era o homem mais otimista que eu já conheci. Ele sempre via o lado bom; sempre tinha algo bom para dizer sobre todos. Era o amor da minha vida", disse ela nesta quinta.
Os negócios - que incluem animação, licenciamento e aparições do personagem - renderam milhões a Harmon. Em vida, ele treinou mais de 200 bozos para representarem a ele em mercados locais.
Na TV brasileira, o Bozo chegou em 1980, quando a emissora TVS-Record, de Silvio Santos, comprou a marca e estreou seu programa. O humorista Wandeko Pipoca foi escolhido pelo próprio Larry Harmon para interpretar a versão brasileira do palhaço.
Com o sucesso do personagem, em 1983 outros cinco atores, Manoel Duarte, Luís Ricardo, Caio Machado, Edílson Oliveira da Silva e Arlindo Barreto, foram contratados pela emissora - que virou o atual SBT - para o papel do Bozo. O programa do Bozo terminou em 1991 com a morte de Décio Roberto, último ator a encarnar o palhaço no Brasil.
Nos Estados Unidos, o mais famoso foi provavelmente o Bozo de Chicago, que permaneceu por 40 anos no ar na WGN-TV. Interpretado por muitos anos por Bob Bell, o personagem era tão popular que a lista de espera para conseguir participar da gravação do programa de TV chegou a durar uma década, o que obrigou a emissora a cancelar os novos pedidos por dez anos.
Em 1990, quando voltou a aceitar reservas, as novas vagas, para cerca de cinco anos, foram preenchidas em cinco horas. De acordo com a companhia telefônica, 27 milhões de ligações foram realizadas. O programa de Chicago, último a sair do ar na televisão dos EUA, terminou em 2001.
Com a influência de Bozo se espalhando pela cultura popular, seu nome acabou se tornando sinônimo para comportamento de palhaço na língua inglesa.
"É preciso muito esforço e dedicação para manter um personagem tão antigo fresco ao ponto de as crianças ainda saberem dele e desejarem comprar seus produtos", Karen Raugust, editora executiva da firma de licenciamento Licensing Letter, disse a AP. Um personagem normal tem um ciclo de vida de três a cinco anos, disse ela. "O personagem de Harmon era um clássico. Está aí há quase 50 anos."
A última vez que Harmon se vestiu de Bozo foi em 1996, para a tradicional Rose Parade, em Pasadena, nos Estados Unidos.
Nascido em Toledo, estado de Ohio, Harmon ingressou no teatro ainda jovem, quando estudante da Universidade da Califórnia do Sul.
"Bozo é uma estrela, um animador, algo maior do que a vida", disse ele certa vez. "As pessoas o vêem como o Sr. Bozo, alguém com quem você pode se relacionar, tocar e gargalhar."