Cultura

CAUSO DOMINGUEIRO (52): COMO TRAMARAM A DERRUBADA DO CONDE DOS ARCOS

Veja a história
| 15/06/2008 às 08:18
  Dom Marcos de Noronha e Brito, 8º Conde dos Arcos, tomou posse como governador e capitão general da Bahia em 30 de outubro de 1810.

  Fez uma boa administração, sobretudo em Salvador. Fundou a Biblioteca Pública da Bahia, a tipografia que imprimiu o 1º jornal baiano Idade d'Ouro, em 1811, construiu o Forte da Jequitaia, criou as Milícias de Valença e Cairu, abriu a estrada São Pedro ao Rio Vermelho, aumentou o bairro do Comércio com a linha de casas da Feguesia da Conceição da Praia, abriu o Teatro Público, entre tantas outras obras.

  Quando em 14 de junho de 1813, as terras da cidade do Salvador desabaram das alturas da Ferguesia de Santo Antonio, em consequência de fortes chuvas, resultando no soterramento do Trapiche Barnabé com 34 mortos, o conde dos Arcos mudou a sede do governo para a Casa do Noviciado, em São Joaquim.

  O fato mais digno do seu governo está relacionado com a edução. É o pai da educação popular da Bahia - com casas de instrução em diversas cidades do interior.

   Prestigiado, o conde dos Arcos deixou o governo da Bahia para assumir o cargo de Ministro da Guerra e Marinha, Rio, do princípe regente Dom João. Quando o soberano (já Dom João VI) partiu para Lisboa, em consequência dos fatos que sucederam a Revolução Portuguesa de 1820, no Porto, o conde tinha posições contrárias à nova ordem constitucional.

   Quando Dom João cedeu a nova ordem e retornou à Portugal o conde foi demitido do cargo e embarcou para Europa a bordo do brigue 13 de Maio, aportando na Baía de Todos os Santos. Chegou a Salvador como um proscrito na terra que tanto beneficiara.

   E o que foi pior: a junta que governava a Bahia não permitiu seu desembarque no cais próximo a Freguesia da Conceição, o seu maior e melhor reformador.

   Sob custódia, o conde foi levado à Lisboa e recolhido preso à Torre de Belém, acusado de conspirador contra o novo Sistema Constitucional e de aderente à independência do Brasil. 

  Em 29 de novembro de 1821, o Palácio de Queluz, através de despacho do rei e da Secretaria de Estado e Negócios da Justiça absolveu o conde. Mas, Dom Marcos de Noronha e Brito nunca mais se levantou, politicamente. 
                                                  
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* Retirado, em resumo, do livro de Braz do Amral, Recordações Históricas da Bahia.

* Esse causo mostra como, de certa forma, a política da perseguição e da mesquinharia persiste até os dias atuais em alguns sitios do Brasil.