ter�a-feira, 15 de outubro de 2024
Salvador, 21 de maio de 2008.
Caros escritores baianos:
Consternados com a perda de Zélia Gattai Amado, e relembrando a perda de Jorge Amado, muitos baianos fazemos, neste momento, uma reflexão sobre o destino da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras. Trata-se de uma cadeira profundamente identificada com o sentimento e o ethos da nossa cultura. Desde 1930, com a eleição de Otavio Mangabeira, e, mais adiante, com a de Jorge Amado (1961) e Zélia Gattai Amado (2001), os baianos incorporamos 78 anos do legado da cadeira fundada por Machado de Assis.
A trajetória acadêmica de Jorge e Zélia representa um bem cultural de nossa mais alta estima e consideração. Em conseqüência disso, entendemos que é nosso dever de honra apresentar pelo menos uma candidatura baiana à ABL, em apreço à memória dos seus últimos titulares. A par de duas perdas irreparáveis, alhearmos-nos dessa eleição, neste momento histórico, agravaria ainda mais nossas perdas simbólicas na Casa de Machado de Assis.
Com todo respeito e veneração à soberania democrática do voto dos senhores acadêmicos, acreditamos que, ao analisar as candidaturas, eles levarão em conta as heranças simbólicas e culturais inerentes à cadeira 23.
Ainda que os nobres acadêmicos não venham a consignar seus votos no nome de um escritor baiano, seguramente receberão sua candidatura com carinho e compreensão, por representar um anseio legítimo e profundo da Bahia.
Que o espírito acadêmico machadiano presida essa nobre empreitada, pairando superiormente sobre as diversas contingências em jogo, em prol dos mais altos interesses institucionais da cultura.
Que a Academia Brasileira de Letras faça uma escolha soberana e iluminada.
Respeitosamente,
Escritores e leitores baianos
