Cultura

PIERRE VERGER & CARYBÉ JUNTOS EM LIVRO QUE SERÁ LANÇADO NESTA QUINTA

A partir das 19h
| 29/05/2008 às 00:30
 

Pierre Verger e Carybé são artistas consagrados. O trabalho artístico dos dois, separadamente, já os coloca entre os grandes nomes da cultura brasileira. No entanto, poucos sabem que eles foram muito além dos limites das artes brasileiras e criaram uma amizade de 50 anos - parceria que resultou em preciosa contribuição para a preservação e divulgação da memória cultural afro-baiana.

A trajetória dessa célebre parceria é contada em Carybé & Verger - Gente da Bahia (Solisluna Design e Editora, 168 pág., R$ 90,00), o primeiro livro da trilogia Entre Amigos e que marca a comemoração dos 20 anos da Fundação Pierre Verger.


O lançamento será nesta quinta-feira, 29, às 19h, no Forte de Santo Antônio Além do Carmo (Praça Santo Antônio Além do Carmo, s/n, Salvador), com a exibição de 31 obras dos dois artistas - 15 fotografias de Verger e 16 trabalhos de Carybé - e a apresentação do grupo de capoeira do Espaço Cultural da Fundação Pierre Verger, formado por crianças, junto com capoeiristas convidados.


CASAL PERFEITO

Um nascido na França e o outro na Argentina, Verger e Carybé se encontraram na Bahia nos anos 40, quando já eram profissionais maduros e reconhecidos por seus trabalhos. Com temperamentos diferentes, eles se completavam diante de um mesmo interesse: a cultura africana na Bahia.

Carybé era impulsivo e participativo, vivenciava as emoções com enorme afetividade. Já Verger, era tímido e introspectivo, contemplador. "Personalidades tão diversas, mas com almas gêmeas que olhavam, com grande intensidade, na mesma direção", observa Gilberto Sá, presidente da Fundação Pierre Verger.


Como relata José de Jesus Barreto, autor do texto da trilogia Entre Amigos, a amizade dos dois nasceu numa pensão barata no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro, em 1946. Carybé e Nancy eram recém-casados e hospedavam-se num dos poucos aposentos da pensão. No prédio ao lado, Pierre Verger, também recém-chegado à cidade, dividia apartamento com o arquiteto e fotógrafo Marcel  Gautherot.

De olho na qualidade do trabalho de  Verger, Assis Chateaubriand, o Chatô, dono dos Diários Associados e da revista O Cruzeiro, propôs um contato que asseguraria ao francês o visto de residente no país. Durante a vigência do contrato, Verger realizou uma série de reportagens sobre a histórica Salvador e suas manifestações religiosas e culturais. A partir daí, a Bahia tornou-se o tema comum das conversas entre Carybé e Verger.


Segundo Angela Luhning, diretora da Fundação Pierre Verger, Carybé foi, sem dúvida, o amigo mais próximo de Fatumbi - nome de batismo de Verger no culto de Ifá  - nas últimas décadas de sua vida. "Tinham afinidades, brincavam muito. Em Fatumbi, o que mais me fascinava era a pessoa, sua simplicidade e desprendimento, já Carybé era simples até no vestir. Ele era repentino, alegre. Na sua obra, me chamam a atenção as cores, a agilidade e a vida do seu traço."


Essa comunhão de idéias e visão do mundo está presentes no livro, no qual as belíssimas fotos de Verger parecem ilustradas com as cores de Carybé quando retratam ou desenham os mesmos temas. É a perfeita tradução para o papel da combinação de letra e melodia em uma música.


Embora Carybé e Verger tenham uma extensa bibliografia publicada, não existia no mercado editorial brasileiro nenhum relato sobre a história dessa amizade. Com essa publicação, a Fundação Pierre Verger não só resgata a maravilhosa trajetória dos dois artistas, com muitas imagens inéditas, como inclui depoimentos de Jorge Amado e Rubem Braga, entre outros, sobre a parceria e as correspondências trocadas entre eles, além de incluir dezenas de fotos e ilustrações e documentar suas vivências nos meandros da cultura baiana.