Cultura

HISTÓRIA DAS FILARMÔNICAS TEM CONCERTO NO PÁTIO DA CAIXA, SÁBADO, 31

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| 28/05/2008 às 13:17
A regência será do maestro Fred Dantas (Foto/Div)
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  O espetáculo "História das Filarmônicas", que reúne 25 músicos de diversas localidades e de orquestras filarmônicas da Bahia, será apresentado dentro do Programa Caixa Cultural, no Pátio da Caixa, na Avenida Carlos Gomes, no sábado, dia 31.

  Outras apresentações acontecem nos dias 1, 7 e 8 de junho, sempre às 20 horas.

"História das Filarmônicas" é resultado da Oficina de Frevos e Dobrados com sede no Carmo, Centro Histórico de Salvador. O curso para mestres e músicos-líderes das Filarmônicas é um projeto do Maestro Fred Dantas, e conta com o patrocínio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia.


  Participam do espetáculo os músicos que fazem parte do curso, além de convidados. Através da execução de dobrados, marchas e outras composições, eles contarão a história das filarmônicas no Brasil, sociedades de amigos da música (phylo-harmônica), surgidas em diversas partes do mundo.


  FILARMÔNICAS NO BRASIL

  As músicas resumem a história das Filarmônicas no Brasil e na Bahia. A abertura do espetáculo fica com o Dobrado dos Barbeiros, composição de um anônimo, procedente da cidade de Irará, que com arranjo de Zequinha foi gravado em LP pela Sociedade 25 de Dezembro, com o nome Dobrado João e Íris. No repertório do espetáculo estão também as Duas Árias de Heandel que eram usadas para a troca de guarda do Rei. 


  Em "Historia das Filarmônicas" fica claro como algumas músicas clássicas passaram a fazer parte do repertório popular. "As bandas de barbeiros eram formadas por negros forros e homens do interior, que executavam os trechos de ópera reproduzidos como peças de harmonia pelas filarmônicas", explica o maestro Fred Dantas. Prova disso, é que ainda hoje estão presentes no carnaval da pequena cidade de Pé de Serra, abertura de óperas como Aida, de Verdi, e Cavalleria Rusticana, presentes no desfile dos Corsos, em Salvador.


Música e história


Durante o espetáculo será mostrado um repertório genuinamente brasileiro, como "A Airosa Passeiata" (Tranquillino Bastos) de Cachoeira, que foi executada nas ruas da cidade no dia 13 de maio de 1888, coroando o comprometimento do autor com a causa abolicionista. "Vê-se aí uma peça que, ainda sob forte influência do repertório prussiano, foi criada em contexto e palheta do Recôncavo", explica o maestro.


Fred Dantas explica que outra composição, a "Soluços d´Alma" (Amâncio Júnior), é em tese um lundu, composto por um flautista da cidade de Curaçá, na região do Médio São Francisco e que mostra claramente a presença da síncope, ou seja, a essência do que viria a dar origem ao samba.


Entre as músicas executadas no espetáculo está o dobrado "Saudades de Minha Terra" (Alferes Luis Evaristo Bastos) composto em plena Guerra do Paraguai. "Este é um outro exemplo de dobrado que fez sucesso em todo o território nacional, em todas as situações. Eu o ouvia com a pequena Banda de Caetité, nos anos 60. É uma peça obrigatória nas solenidades de caserna, ganhou do povo do Recôncavo baiano até uma versão com letra para os Reis Magos (Reis de Conceição do Almeida)", explica Dantas.


O Dobrado Dois Corações (Pedro Salgado) é tão característico do Brasil do interior, tocado do Amazonas ao Rio Grande do Sul, passando por todas as cidades do interior, em todas as filarmônicas, o que pode ser considerado um verdadeiro hino das filarmônicas. "É mais uma das lindas composições de Pedro Salgado, de melodias simples e definitivas, um dobrado que tem merecido até arranjos de compositores de televisão, quando quer caracterizar um ambiente interiorano", explica o maestro.


O Dobrado Novo, composto por Fred Dantas e que também faz parte do repertório do espetáculo, surge em 1983, pouco depois da Oficina de Frevos e Dobrados ter sido iniciada. "É um manifesto de modernidade com raízes no passado das filarmônicas. A linguagem musical é fortemente influenciada pela Música Nova iniciada nos Seminários de Música da Bahia por H. Joaquinn Koellreuter, mas seu material temático inclui citações de vários dobrados presentes na infância do compositor", explica.


Completando uma das histórias possíveis de filarmônica e finalizando a apresentação, será apresentado o "Dobrado 2 de Julho" (Fred Dantas), composta em 2005, como peça finalista do Festival de Filarmônicas do Recôncavo, em São Félix. Na mesma linguagem musical atonal recheada de citações transformadas, invertidas ou espelhadas do "Hino ao 2 de Julho" (S. Títara-S. Barreto), é uma música descritiva, que em sua parte final procura espelhar ao entrada do Exército Libertador pela Estrada da Liberdade, um desfile de homens famintos e maltrapilhos, porém vitoriosos em sua causa.


Repertório do espetáculo

1 - Dobrado dos barbeiros

2 - Duas Árias de Heandel

3 - (Aida, Verdi), (Cavalleria Rusticana)

4 - Airosa Passeiata (Tranquillino Bastos)

5 - Alfredinho no Choro (S. Rezende, adap. Pixinguinha)

6 - Soluços d´Alma (Amâncio Júnior)

7 - Dobrado Baptista de Mello (Manoel Alves)

8 - Saudades de Minha Terra (Sgt. Luis Evaristo Bastos)

9 - Polaca Maria Almeida (Tertuliano Santos)

10- Dobrado 220 - Avante Camaradas (Antonino Manoel do Espírito Santo)

11- Dobrado Dois Corações (Pedro Salgado)

12- Phase de Noivado (Estevam Moura)

13- Dobrado Novo (Fred Dantas)

14- Marcha Santo Antonio (Fred Dantas)

15- Dobrado 2 de Julho (Fred Dantas)

16- Dobrado 2 de Julho (Fred Dantas) - regência de Roque Adson


Músicos:

Flautim: Andréa Bandeira (Orquestra Sinfônica da Bahia, Salvador)

1ª flauta: Seu Nilton (Lira Ceciliana, Cachoeira)

2ª flauta: Mariane do Carmo (Oficina de Frevos e Dobrados, Salvador)

Requinta: William Alexandria (Filarmônica 30 de Junho, Serrinha)

1ª clarineta: Antônio Jorge Freitas (mestre da Oficina de Frevos e Dobrados)

2ª clarineta: Indira Dourado (Filarmônica Lira Morrense, morro do Chapeu)

2ª clarineta: Adauri de Oliveira  (Filarmônica N. Sra.Imaculada Conceição, Macaúbas).

3ª clarineta: Leandro Barbosa (União dos Ferroviários, Senhor do Bonfim)

Sax alto: Marcel Haj (Lyra Popular, de Lençóis)

Sax tenor: Ricardo Antônio (Banda do Exército, Salvador)

Barítono si: Sônia Oliver (mestra da Lira de Maracangalha)

Sax barítono: Adriano da Silva (Filarmônica Filhos de Apolo, Santo Amaro).

1ª Trompa: Celso Benedito (professor do Curso para Mestres de Filarmônicas)

1ª trompa: Tiago Meirelles (Atheneu Musical, Salvador)

2ª Trompa: Adriana Santos (Lira de Maracangalha)

3ª trompa: Nilda Paraná (Lira de Maracangalha)

1º trompete: Marcos Carvalho (Banda do Exército, Salvador)

2º trompete: Gleidson Souza (Filarmônica São José, Pojuca)

3º trompete: Osmário Almeida (Lira Ceciliana, Cachoeira)

1º trombone: Moisés Santos (maestro do Colégio Militar de Salvador)

2º trombone: Tenison Santos (União dos Ferroviários, Sr. Do Bonfim)

Bombardino: Diego dos Santos (Filarmônica 2 de Janeiro, Jacobina)

Bombardino: Pedro Degaut (Filarmônica 1º de Maio, Salvador)

Tuba si b: Leandro Roseira (Lira de Maracangalha)

Tuba mi b: Carlos Eduardo (Filarmônica Centro Popular, Cayru)

Caixa: Pedro Dantas (Oficina de Frevos e Dobrados)

Pratos e tuba: José Egnaldo (mestre da Banda - mirim da União dos Ferroviários, Senhor do Bonfim)

Bombo: Jairo dos Santos (mestre da Lira Candeiense, Candeias)

Pratos: Estevam Dantas (Oficina de Frevos e Dobrados).


Maestres Convidados:

Abimael de Oliveira (Lyra Popular de Castro Alves)

Enok Dias (Filarmônica 8 de Dezembro de Mata de São João).

Josias Santos (Lira Santamarense, Jiribatuba).

Eguinaldo Paixão (Filarmônica Mestre Bugué, Itiúba).

Roque Adson (Terpsícore Popular de Maragogipe)

Jessé do Carmo (Lira Ceciliana de Cachoeira)