Cultura

COMUNIDADE CAPOEIRISTAS DE LAURO DE FREITAS PROTESTA CONTRA PROFESSOR

Veja declarações
| 01/05/2008 às 13:24

As declarações do coordenador do curso de medicina da UFBA, Antônio Dantas, sobre o baixo QI dos alunos da FAMED e a falta de complexidade do berimbau, também soaram mal em Lauro de Freitas, cidade da Região Metropolitana que  abriga cerca de cinco mil capoeiristas e onde 82% de sua população é composta por indi-euro-afrodescendentes, com matril'inea afro.


"É lamentável que uma pessoa que ocupa um cargo tão importante emita declarações como estas, que expõem o preconceito em sua forma mais cruel", comentou Apio Vinagre, Secretario de Governo do município, pasta que abriga o Departamento de Promoção da Igualdade Racial (DPIR). "São declarações que vão contra todas as políticas afirmativas realizadas pelo povo negro", completa.


A cidade, que é considerada referência em ações de igualdade em gênero e raça, também abriga o Pólo de Capoeira. Segundo o presidente do Pólo, Mestre Boca, o grupo fará reunião na próxima segunda-feira (5), às 11h, para decidir as medidas que serão tomadas sobre o caso.
 
Ele diz que a afirmação de que o berimbau é um instrumento primitivo mostra a ignorância do coordenador em relação à cultura afro-brasileira. "Ele não sabe o que está falando. O berimbau é capaz de tirar muitos sons de uma única corda. E aí está a sua complexidade. É preciso anos de estudo".


Orquestra de Berimbaus
 
Mestres e contramestres moradores do município são virtuoses do berimbau. Isso é o que tem demonstrado quando se reúnem na Orquestra de Berimbaus do Pólo de Capoeira para apresentações, sob a regência do maestro Fred Dantas.

De acordo com Mestre Boca, que também faz parte da orquestra, três tipos diferentes de berimbaus compõem a sonoridade da orquestra: a viola, mais aguda; o berimbau médio e o Gunga, com seu tom grave.

A batida da paleta no cordão, a ressonância do dobrão e o eco da cabaça formam os toques de São Bento, Uma, Angola e do Samba-de-roda. "A orquestra montará músicas a partir dos toques originais, mantendo as raízes da capoeira", explicou o maestro Fred Dantas. Hoje a orquestra já entoa, com os berimbaus, o Hino Nacional Brasileiro e o Hino de Santo Amaro de Ipitanga.