Cultura

CAUSO DOMINGUEIRO (45): CULTO A NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO EM SALVADOR

Com informações do livro A História da Câmara Municipal de Salvador
| 27/04/2008 às 08:25
   Em 1645, as Cortes de Lisboa, relegando a segundo plano o patrocínio que, desde 1625, se atribuia a Santa Isabel, a santa rainha, aclamou Nossa Senhora da Conceição como padroeira dos reinos de Portugal e Algarves e seus domínios (Brasil e outras colônias), voto logo cumprido em todo mundo português.

   Dom João VI procurou tornar mais significativo esse voto e, em carta, ordenou que em todas as portas e entradas das cidades, vilas e vilarejos fosse colocada uma pedra bem lavrada, com inscrição alusiva à Nossa Senhora da Conceição.

   Salvador seguiu as determinações do rei e assentou em vários pontos placas laudatórias, uma delas no antigo Baluarte de São Ttiago (Santiago), hoje, altura da Rua Chile, Ladeira da Praça (antigo Caminho da Várzea) , Terreiro de Jesus e Pau da Bandeira.

    A lápide mais antiga alusiva ao ato de 1645, por isso mesmo considerada a mais importante, foi a que, um ano após a resolução das Cortes, em 1655, Dom Antonio Teles da Silva, 19 governador geral, fez assentar na fachada do palácio, donde foi retirada quase três séculos depois, em 1899, para reforma do prédio e recolhida ao IPHAN, onde se acha.

   O causo dos santos, porém, náo pára aí.

   Quando Dom João de Lancastro tomou posse do governo, o seu primeiro ato público foi visitar a ermida da Graça e por as mãos na Santa, de quem era devotíssimo. O governador pôs seu bastão sobre a imagem da Santa das Graças pedindo proteção para bem governar.

   Em 1785, para colocar mais lenha na fogueira e "definir" o poder das santas sobre a cidade do Salvador, a Câmara de Vereadores prestou um tributo à adoração de Nossa Senhora das Graças, oferecendo-lhe, no dia 8 de dezembro, uma coroa de ouro trabalhada por ourives da Bahia, a qual, custou aos cofres públicos 400$000.

   E, em ata da Câmara, registrou-se sobre Nossa Senhora das Graças, "a primeira a quem o povo rendeu obsequíssimas adorações" ou que "foi a primeira a quem esta província rendeu culto".

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   Hoje, Nossa Senhora da Conceição é a padroeira da Bahia. São Francisco Xavier, devido a uma epidemia de febre amarela se tornou o padroeiro de Salvador. Santa Isabel praticamente não é reverenciada na cidade do Salvador. E, Nossa Senhora das Graças, embora sendo a "quem esta província primeiro rendeu culto" desde a época de Diogo Álvares e Catarina Paraguaçu, idos de 1530, continua no seu cantinho na ermida da Graça, pouco cultuada.