É com profundo pesar que comunicamos aos amigos e à classe
artística o falecimento da artista plástica Isa Moniz, ocorrido
nesta quinta-feira, 24. O corpo foi velado na Capela 6, do
cemitério do Campo Santo e sepultado com muito pesar.

Enquanto o mundo vivia buscando
caminhos artísticos efêmeros e descartáveis, a artista continuava a
desenhar, simplesmente desenhar, com lápis e carvão, sem se importar
com os modismos, preservando seus ideais de vida e suas convicções
artísticas.

Com este espírito, quando cursava a Escola de Belas Artes,
nos anos 1940, foi a primeira mulher a comandar um diretório acadêmico.

Uma mulher sempre à frente do seu tempo, nascida "em berço de ouro",
pautou, com elegância, sua vida com grandes doses de bondade e
generosidade.

Com muito prazer, passava seus ensinamentos artísticos para os menos
favorecidos porque "o desenho a lápis e carvão não demanda gastos
maiores para a compra de outros materiais" dizia Isa. Com este
pensamento beneficiou dezenas de alunos com a sua sabedoria.

Traço forte e certeiro, elegante e expressivo, dona de uma
inteligência espacial, se dedicava ao seu ofício como ninguém, nos
presenteando com suas obras e que certamente viverá para sempre
através do seu delicado, e ao mesmo tempo tão forte trabalho.

HISTÓRICO

Nascida em Salvador, Bahia, em 1927, Isa Maria Freire de Carvalho
Moniz de Aragão foi radialista e aviadora, é mãe de 7 filhos mais 1
adotivo, avó de 14 netos e bisavó de 2 bisnetos, tia, madrinha,
professora, irmã, amiga, mulher, artista.

Começou seus estudos na escola de Belas Artes - UFBA, em 1945.
Estudou desenho, pintura e escultura com os melhores mestres brasileiros.

Desde 1986, tem feito exposições coletivas e individuais. Com a
coleção "Tempo Guardado", em 1990, recebeu menções acadêmicas. Em
1996 expôs na California. De 1997 a 2000 desenvolveu uma série de
trabalhos à carvão.

Durante os 12 nos que lecionava desenho de observação no Museu de
Arte Moderna da Bahia (MAM), e no seu ateliê, Isa teve alunos das
mais diversas áreas, incluindo tatuadores e grafiteiros.

Para ela, cada artista tem direito de escolher o seu suporte. Como os
tatuadores usam a pele como suporte, aos 75 anos Isa fez sua primeira
tatuagem. Aos 78, a segunda.