O abacaxi está disseminado na cultura nacional na arte, na literatura, no naif popular, na música, no adereço de peças e enredos de escolas de samba e na política. É o símbolo do indesejável, da anarquia.

  Agora, incorporou a política local como símbolo do PDDU, e ganhou força nesta manhã de quarta-feira, 20, quando vereadores de oposição ao prefeito Henrique (PMDB), promoveram o café do povo para protestar contra a homologação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), no salão nobre da Associação Comercial da Bahia.

   Foram servidos ao povo 300 abacaxis em rodelas, 200 dúzias de banana, 200 pães e 2 panelões de mingaus. Tudo regrado a protestos, uso de carros de som pela turma do PCdoB, discursos e uma infinidade de palavras de ordem contra o prefeito JH, entre as quais, "exterminador do futuro" e outras adjetivações.

   O prefeito não tomou conhecimento da manifestação. Como a solenidade de assinatura de homologação do PDDU estava marcada para se iniciar às 7h30min, o prefeito chegou às 6h30min e só saiu depois que os manifestantes foram embora. Segundo o vereador José Carlos Fernandes (PSDB), o prefeito "deve ter dormido na ACS". Às 9h30min, o prefeito assinou a homologação.

   A rigor, o protesto dos vereadores não resultou em nenhuma alteração no texto final e contexto do PDDU. O prefeito aprovou o que quis, contrariou até o Conselho de Cultura do Estado e o IPHAN e garantiu a emenda 249 que muda o gabarito do Comércio (mais dez metros de altura), o que vai provocar uma transformação substancial na paisagem histórica de Salvador.

   "Estamos presenciando um momento muito grave para a cidade do Salvador, algo que vai ter ma repercussão nacional tanto quanto foi a derrubada da Sé Primacial da Bahia, como essa atitude do prefeito para atender o empresariado, passando por cima das tradições e da cultura da Bahia", comentou o vereador José Carlos Fernandes.

   Para o prefeito João Henrique, a partir de hoje, "Salvador será outra e vamos esquecer aquela cidade que nos envergonhava".