Cultura

ABORTO: POSIÇÃO DO CARDEAL DA BAHIA NA CONTRA-MÃO DA REALIDADE LOCAL

O aborto é uma questão de saúde pública
| 08/02/2008 às 12:15
O Ministério da Saúde defende a legalização do aborto no Brasil (Foto/Ilust)
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  Opinião é opinião, ponto-de-vista é ponto-de-vista e ambos são indiscutíveis porque cada pessoa, cada autoridade tem o seu e pronto.
 
   Mas, como acontece agora com as afirmações do cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo à impensa baiana sobre o aborto e o uso da camisinha, vai uma distância muito grande entre a realidade, a vida como ela se apresenta nos dias atuais, e o pensamento da igreja católica conservadora.

   O cardeal situa como base no tema da Campanha da Fraternidade 2008 cujo lema é "Defesa à Vida" que, enquanto existir alguém que queira transformar em lei aquilo que é um assassinato, o aborto, "nós vamos lutar e a igreja católica não poderá voltar atrás jamais". 

   A rigor, como dogma a igreja não estará voltando atrás porque esse também é o pensamento de sua cúpula com o papa Bento XVI, mas, diante do que se passa na sociedade contemporânea, o cardeal prega no vazio porque a grande maioria da sociedade, inclusive a mulher católica, está recorrendo ao aborto e ao uso da camisinha, frequentemente.

   Nesse aspecto, o Ministério da Saúde com o lúcido ministro José Gomes Temporão já disse que aborto, AIDS e uso de camisinha são questões de saúde pública e não pode ser entendido ou visto como um dogma de natureza religiosa. A Igreja, e aí está a opinião de um dos seus cardeais mais importantes do país, entende que é uma questão dogmática e despreza a ciência e os números que já foram apresentados pelo Ministério da Saúde.

   No Brasil, por ano, dados do Ministério da Saúde, mais de 1 milhão de pessoas o praticam clandesinamente o aborto. E a Igreja Católica insiste em ir na contra-mão da realidade, na contra-mão da história.  O ministro Temporão é a favor da legalização do aborto, lei que tramita no Congresso Nacional, e, agora, a Igreja se põe nas ruas e na mídia contra essa questão.

   Vale observar que o Congresso Nacional é conservador e dificilmente a lei sobre o aborto avançará.