Personagem: Delegada de Polícia do Estado da Bahia, Marilda Marcela da Luz, 51 anos, formada pela UCSAL, há 12 anos na Polícia.

  De vez em quando surge uma dessas personalidades raríssimas na vida pública, um exemplo a ser seguido, a qual, de forma discreta e sem os costumeiros tons midiáticos de algumas promotoras do MP, abraça uma causa, no caso o episódio que ficou conhecido como a Tragédia da Fonte Nova e, cumprindo o seu dever de ofício, conclui um inquérito denunciando os culpados.

  O fez com absoluto senso de responsabilidade, observando os princípios contidos na lei, sem se preocupar com o poder e o cargo de alguns dos envolvidos, dignificando a sua função, o seu ofício, dando provas de que quando se faz o correto respeitando a Constituição do seu país a sociedade aplaude e abraça uma personalidade como a delegada Marilda, de braços abertos.

   A rigor, a delegada cumpriu apenas a sua obrigação. Mas, como no Brasil o cumprimento dessa obrigação numa área tão sensível a conchavos e interferências de natureza política, a atitude da delegada Marilda, sem se abalar em suas convicções mesmo quando adiou por momentos a sua entrevista à imprensa, diante de sinais do gabinete governamental, a engradece ainda mais. E mostra que, mesmo no serviço público, é possível ser competente e dígna.

  O exemplo da delegada Marilda, muito distante e diferente do encontro de representantes da Polícia com a imprensa durante as conclusões do inquérito sobre a morte do servidor municipal da Saúde, Neylton Souto, vai marcar um momento de afirmação da Polícia baiana. (tf)