Para se ter uma idéia a quanto anda a cultura popular musical na cidade do Salvador e, por extensão em parte da Bahia porque a capital é a caixa de ressonância do caldeirão cultural do Estado, as três músicas que estão fazendo mais sucesso nas emissoras de rádio neste verão e que deverão ser os hits do Carnaval são Bota a Mão no Tabaco, do Black Style; Tô na Boa, do Psirico; e Não Chora, do Bonde do Maluco.

  Qualquer lugar que se vá, barracas de praia, pré-ensaios carnavalescos, caça níqueis de feijoadas organizadas por quituteiras e colunistas sociais, e até no Festival de Verão, o que rola mesmo é botar a mão no tabaco, dizer que é toda boa e não ficar chorando por ele. Obviamente que existem excessões e nos ensaios do Olodum, do Ilê Aiyê, do Malê não se tocam esse tipo de música. A turma do samba também não entra nessa.

   Todos esses grupos são de Salvador. O Black Style é um clone de uma banda inglesa, mas nasceu na Fazenda Grande do Retiro. Seu vocalista chama-se Robson, um negão com quase 2 metros de altura. A banda é boa e conta com 13 músicos, todos nascidos e criados no bairro. Os cds monstros são prensados na periferia e vendidos por todos os ambulantes da cidade a R$1 real.
 
  O Bonde do Maluco também nasceu na periferia da cidade e, hoje, sua música é a mais executada em tudo que é lugar que se vá. Até Ivete Sangalo a cantou no Festival de Verão.

  O Psirico dispensa apresentações e seu vocalista, mais grita do que canta, chama-se Márcio Vitor. Está fazendo o maior sucesso com a música Toda Boa, a Quinta da Toda Boa, e seu refrão mais poético diz que "ela é toda boa" com o repeteco de "toda boa, toda boa, ela é toda boa". Aí a mulherada pode bater nas coxas, no bumbum, nos seios turbinados ou no tabaco.

  Interessante dizer que essa galera é uma variante da Axé Música que tanta gente condena como uma coisa abominável. Mas, até que levando em considerção colocar a mão no tabaco e cantar o Chicleteiro de Bel, vamos e venhamos que o Chicleteiro é melhor, ou mesmo levantar a poeira de Ivete Sangalo, quinhentos anos luz na frente.

  Pra não falar nas músicas de Gerônimo, o qual, a essa altura do campeonato vai fazer seu Carnaval no Pelô.