Não está pegando bem para a imagem do governo do Estado o anúncio do programa Água Para Todos que está sendo veiculado pelas emissoras de televisão.

   Com mais de uma centena de municípios sofrendo com a seca, em determinadas áreas em situação de calamidade pública, o anúncio mostrando fartura de água com a imagem final de uma criança tomando o popular banho de bica, revela, aos olhos dos espectadores desses municípios, uma paisagem irreal.

   A população da capital e RMS que concentram um pouco mais de 20% da população do Estado, pode até entender o anúncio como sinal de boa intenção do governo, de um programa que está em andamento, mas, tendo informações ainda que esparsas sobre a seca, não acredita no que vê.

   Em nome do bom senso, o governo deveria retirar esse anúncio do ar e colocá-lo em outra oportunidade. É até válido, desde que colocado em outra época do ano.

   A propósito, como era voz corrente nos partidos de oposição durante a era PFL, sobretudo entre alguns deputados que gostavam de fazer dossiês sobre a publicidade oficial, o governo atual está utilizando um expediente ainda mais sutil: está fazendo propagande de coisas que, provavelmente, irão acontecer a médio e longo prazos.

   É o caso, por exemplo, do complexo viário do aeroporto Luis Eduardo Magalhães, batizado, sabe-se perfeitamente com o propósito de atingir os carlistas, de Complexo 2 de Julho. O comercial mostra na TV uma porção de viadutos, gráficos, etc, de coisas que sequer começaram a ser implementadas.

   Outro exemplo: o governo anuncia que vai reduzir o analfabetismo em 1.000.000 até 2010. E dá isso, em outdoor e comerciais de rádio e TV como se uma afirmação plena. Pela matemática, considerando-se os três anos que faltam até 2010 (porque em 2007 não foi alfabetizado ninguém), o governo estará com a missão de alfabetizar aproximadamente 28.000 adultos por mês.

   Digamos assim, de janeiro de 2008 a março deste mesmo ano, a missão da SEC é de alfabetizar 84.000 adultos acima de 15 anos, o que representa uma proposta bastante ambiciosa, ainda que admissível com uma esforço extraordinário, não só só do governo, mas de setores organizados da sociedade, em mutirão. 

   Então, o que os deputados da oposição ao chamado carlismo diziam na época, vale também para o atual governo.