Cultura

FUNDAÇÃO CASA DE JORGE AMADO AGONIZA SEM RECURSOS PARA SE MANTER

A a cultura baiana descendo a ladeira do Pelô
| 01/10/2007 às 18:27
  O deputado João Carlos Bacelar (PTN), em discurso na tribuna da Assembléia Legislativa, hoje, fez um apelo à primeira-dama do Estado, Fátima Mendonça, para que intermedeie a grave crise que envolve o setor cultural da Bahia, antes que o secretário Márcio Meirelles destrua um dos maiores patrimônios do Estado.

  O parlamentar referiu-se a mais nova crise no setor, que atinge, desta vez, a Fundação Casa de Jorge Amado. Por falta de repasses do Governo do Estado, o acervo de um dos mais importantes escritores nacionais, reconhecido mundialmente, corre graves riscos de desaparecer.

   São mais de 250 mil documentos que retratam sete décadas de vida literária e política de Jorge Amado (1912-2001), que corre risco de se deteriorar. Entre as peças há manuscritos, cartas, edições dos primeiros livros, dissertações de mestrado, teses de doutorado, fotografias com personalidades e medalhas.

   Em crise financeira porque a Secretaria de Cultura suspendeu os repasses, a Fundação Casa de Jorge Amado, cortou o funcionamento do sistema de ar-condicionado, importante para impedir a ação de fungos e bactérias, demitiu 50% dos seus funcionários e, desde hoje, passa a adotar mais duas medidas de contenção de despesas: o horário de funcionamento ao público será das 13h às 19h (até sábado era das 10h às 18h) e o Café Teatro Zélia Gattai, também localizado no casarão, será fechado definitivamente.
 
   DESCENDENDO A 
   LADEIRA DO PELÔ

   "Essas são notícias nacionais e que desabonam a política cultural do Governo Jaques Wagner, que parece não se incomodar. Parece que ninguém se incomoda em entregar a Cultura, uma das mais ricas do Brasil, à mediocridade e ao caos", afirmou o deputado.

  "Depois de fechar o Teatro XVIII, acabar com o Balé do Teatro Castro Alves e o Balé Folclórico, por fim a Livraria do Escritor Baiano, levar à crise a Academia de Letras da Bahia, desestruturar o Solar do Unhão, mudar o Prêmio Nacional de Literatura Jorge Amado, abandonar o Centro Histórico de Salvador e encerrar o Projeto Pelourinho Dia e Noite, agora querem fechar a Fundação Casa de Jorge Amado, o maior dos absurdos para a história e a cultura baianas.
 
   O Governo Jaques Wagner vai se notabilizar por acabar com uma das culturas mais ricas do país", denunciou Bacelar. O deputado lembrou são 70 anos de vida e obra do escritor brasileiro mais importante da atualidade que estão seriamente ameaçados, porque deixou de receber o repasse de R$68 mil mensais, desde março, porque o convênio celebrado com a Secretaria de Cultura foi encerrado e não foi renovado.

   "O mundo corre sério risco de ver toda essa história se perder, devido à insensibilidade do Secretário de Cultura Márcio Meirelles. Sem ar condicionado, o acervo está vulnerável e mais sujeito à ação de fungos e bactérias e não há mais ninguém para fazer a manutenção das preciosidades deixadas ou recebidas por Jorge Amado. Hoje, tudo está à mercê da ruína, da mediocridade e da incapacidade do Governo Jaques Wagner", enfatizou Bacelar.