"O governo do PT está acabando com a Cultura da Bahia", denunciou hoje, em pronunciamento na tribuna da Assembléia Legislativa, o deputado João Carlos Bacelar (PTN).

  Ele disse que o governo Jaques Wagner, através da Secretaria de Cultura, é o grande responsável pela grave crise que atinge também o setor no Estado da Bahia. "Este é um governo medíocre também na Cultura.
 
  Estão desestruturando o Solar do Unhão; acabaram com o Balé Folclórico e o Balé do Teatro Castro Alves; a Fundação Casa de Jorge Amado, representante maior da cultura moderna baiana, vive em crise, que também atinge o Teatro XVIII e que ameaça fechar o Teatro Vila Velha, casa do próprio Secretário de Cultura, Márcio Meirelles. A crise também chega a Academia de Letras da Bahia e o Pelourinho está completamente abandonado" relatou o deputado.

  NADA ANDA

  "Hoje, tudo está parado sob alegação de que o governo Jaques Wagner está fazendo ‘ajustes', passados quase nove meses de governo. Nada anda. O Balé Folclórico está há sete meses sem repasses do governo.

  A Fundação Casa de Jorge Amado está com seu acervo correndo riscos porque o ar condicionado não funciona, funcionários foram demitidos e o horário de funcionamento foi reduzido por falta de recursos.

  Esse descalabro acontece sob a desculpa de que a Secretaria de Cultura vai mudar o foco de atuação. Não vai ajudar os museus, mas patrocinar as exposições. Não vai apoiar os teatros, mas beneficiar os espetáculos. Onde vão ocorrer as exposições se os museus estão fechados? Onde vão ocorrer os espetáculos se não há mais teatro?
 
  Essa é a incoerência da Cultura que o governo Jaques Wagner que implantar na Bahia", disse Bacelar. De acordo com o deputado, enquanto o governo não mantém mais sua estrutura cultural, a Secretaria promove dispensas de licitações para contratar uma pesquisa do Instituto Ibope por R$120 mil; contrata, por R$50 mil, uma companhia de dança que ninguém sabe qual é; gasta R$251 mil para contratar músicos, sem dizer quais; compromete R$38,5 mil para assinar jornais e revistas ou R$25 mil em consultorias.
 
  GOVERNO DE CONSULTORIAS

  "Nunca se gastou tanto em consultorias. São mais de R$2 milhões em dispensas de licitações e não vemos resultados. Aliás, vemos a crise crescer, enquanto os projetos de governos passados são abandonados.
 
  E a Secretaria só tem verba para financiar lavagem em Paris ou festa com trio elétrico baiano no Japão", enfatizou Bacelar. "Os alienígenas estão acabando com a cultura mais rica do Brasil. O secretário, que vivia nos gabinetes a bajular outras lideranças políticas mendigando verbas, hoje destrói tudo o que se construiu. É chamado publicamente de ‘mau caráter' e vemos por que.
 
  Porque não tem capacidade de cuidar da Cultura da Bahia. Por isso este é um governo medíocre, com pessoas medíocres e com projetos medíocres", enfatizou o parlamentar. Em aparte, o deputado Júnior Magalhães (DEM) concordou, lembrando o abandono do Pelourinho que hoje retorna aos noticiários devido ao abandono, aos assaltos, a prostituição infantil e ao tráfico de drogas.

  "Está um caos", constatou o democrata. Na tentativa de reverter às críticas de Bacelar em relação ao abandono da indústria cultural na Bahia, diversos deputados da base do governo assumiram a tribuna para tentar destacar ações positivas do governo Wagner no setor, com a desculpa da interiorização dos investimentos, contudo, convenceu o parlamentar.

  "Não podemos esquecer que esse projeto de interiorização ocorre com a destruição completa de todo o que já foi feito na Bahia, jogando no lixo milhões que foram usados nos projetos que estavam dando certo, para investir numa proposta experimental, inconseqüente e inconsistente"