A Baixa dos Sapateiros e a Rua Direita do Palácio (Chile) marcaram época na cidade do Salvador, início e meados do século XX.

  Conta Giraldo Balthazar da Silveira, em A Bahia de Iaiá e de Ioiô, que existiram A La Bella Itália, com artigos de moda do italiano Biaggio Venturini, a loja de chapéus masculinos (sobretudo italianos) dos irmãos Mercuri; e as casas de sapatos finos de Saverio Cariolli e de Raffaele Buffoni que calçava a alta sociedade baiana.

  Na Baixa dos Sapateiros era muito conhecida a sapataria Bota de Ouro, dos irmãos Palarino - Rafael, Pantaleão e Felício -; ainda na cidade alta a grande fábrica de luvas de pelica da firma Adolfo Malbousson; a Casa dos Pianos do alemão Schileir; a casa de música e de artigos de arte, desenho e pintura dos irmãos Lopes Rodrigues; a grande mercearia dos irmãos Pepe. italianos; e a conhecida farmácia Hermelino Ribeiro, onde se reuniam, nas tardes, políticos, intelectuais, altos funcionários federais e estaduais para comentarem e discutirem, passando em revista os últimos fatos ocorridos na Bahia e no Brasil.

   Próximos desta farmácia situavam-se o Grêmio Literário da Bahia e o Gabinete Português de Leitura.

   Fato interessenta é que na Baixa dos Sapateiros existia uma padaria que se tornou muito conhecida, não só pelos ótimos produtos que fabricava, como também pelo apelido do seu proprietário, um homem negro, muito respeitável e respeitado, conhecido pela alcunha de Antonio Galinheiro.

   Corria sobre este indivíduo uma anedota de só por colarinhos muito altos, muito bem engomados e alvíssimos e, deste fato, surgiu a seguinte quadra:

    Quem quiser ganhar dinheiro
    Vá a Baixa dos Sapateiros
    Engomar os colarinhos
    De Antonio Galinheiro!


  * Causo retirado do livro Bahia de Iaiá e de Ioió, crônicas de um tempo que passou, de Giraldo Balthazar da Silveira.

   * E você nobre leitor: sabes algum causo? Mande para nós.