No meio do caos do teatro baiano, em que a comédia reina com insistência, surge algo novo. O kaos está prestes a se instalar. Nada será como antes. após assistir aos "Filhos do Kaos", ninguém sai ingênuo, não-grávido da orgia performática-musical-teatral. Ninguém sai lúcido ou louco. O Kaos se instala nos ossos das almas-espectadores, e todos saem contaminados com a poesia. Os Filhos do Kaos, baseado na "Mitologia do Kaos", de Jorge Mautner, o profeta do Kaos, do amálgama, do contraditório que se auto-completa para formar o consenso, é uma obra fantástica, que "brinca" com as diferenças existentes em nossa sociedade "miscigenada-amalgamada". Esta experiência do diretor Fábio Viana resulta em um caldeirão de poções mágicas que emociona, faz rir-chorar e ao mesmo tempo nos transporta para uma reflexão profunda sobre nosso papel na sociedade e nosso papel para nosso "eu". Tira-nos a consciência do conformismo e nos empurra, à força, com nosso consentimento, em direção a uma tomada de decisão-consciência-inconsciente, para mudar o caos e/ou nos amalgamar nele e VIVER A VIDA, que é o mais importante. A performance artística mexe com os sentidos. Dança, raízes, samba, samba carioca, escola de samba, Brasil prenhe/grávido, muitos filhos desse Kaos/País nascendo e morrendo na ribalta, Maísa (cantora), interpretação, Jorge Mautner, Caetano Velloso, Hélio Oiticica, Glauber Rocha, o som unplugged e o som elétrico que se mescla à apresentação dos corpos/movimentos do palco, tudo isto impregna os olhos e os ouvidos. Não se consegue tirar os olhos da cena, não se consegue "desgrudar" os ouvidos da música... Deseja-se "ouvir" o som com os olhos (olhar para os músicos), mas o movimento no palco hipnotiza a visão... Deseja-se "ver" a performance com os ouvidos, mas eles, os ouvidos, se negam a parar de enxergar o som que ecoa solene, brutal, de coral, de batuque, de gritos do KAOS... Não tem como fugir. Você está mergulhado, literalmente, na cena. Por todos os lados o kaos impera e te impele a não ficar estático, não mais espectador da vida, mas agente modificador de sua existência e da existência de sua geração/país. Ficha Técnica: "Filhos do Kaos" é uma adaptação da obra "Mitologia do Kaos", do cantos, compositor e escritor Jorge Mautner. Com linguagem poética que valoriza o teatro físico e a expressão vocal, o espetáculo é uma fábula em que personagens mitológicos do universo mautneriano dialogam com o mundo real. Música, dança e teatro intercalam-se numa montagem ritualística, com direção musical de Bira Reis. O elenco é formado pelo Bando de Teatro Sem Nome, com direção de Fábio Viana. Direção: Fábio Viana Assistente de direção: Jocelia Fonseca Direção musical: Bira Reis Canto: André Augusto Técnica de movimento: Jocelia Fonseca Expressão corporal: Evandro Macedo Direção de arte (figurinos e elementos cênicos): Silvana Partucci e Fábio Viana Design gráfico: Silvana Partucci Iluminação: Pablo de Paula Músicos: Tito Souza Jandiara Barreto Sidnei Argollo Assessoria de imprensa: Marcos Rodrigues Elenco: Alex Barreto, Felipe Leão, Iris Mota, Janaína Amorin, Jerusa Aulion, Júnior Oliveira, Marcus Sousant, Zaira Castro, dentro outros. Ré-estréia: 06 de julho , de sexta a domingo. ESPAÇO XISTO - Biblioteca Central, Barris Salvador/BA Horário: 20hs Ingressos: R$ 10 e 5 (meia) |