Que bom que isso tivesse acontecido, pelo menos a cultura indigenista é lembrada
Pura irona do destino: na terra da música axé, do candomblé e da predominânca de população euro-afrodescendente, com matrilínea afro, brilha um jovem cearense descendente dos nativos tupinambás ou tapuyos, cujo nome de batismo pouca gente sabe, mas, o qual, é endeusado pela torcida do Vitória pelo apelido de Índio.
Artilheiro absoluto do Baianão, divide com Fábio, o Saci, do Bahia, o amor da torcida por figuras do imaginário e do folclore nacionais. A marca de Índio é tipicamente da cultura indigenista quando marca um gol e aponta para a torcida, de joelhos a representação de uma flechada em sua direção.
Essa cultura indigenista tão desprezada em Salvador, salvo na época do desfile ao 2 de Julho, mesmo assim na reverência aos caboclos de Recôncavo descendentes dos tupinambás, ganhou espaço nos meios de comunicação de massa graças ao gesto de Índio, o que faz lembrar as raízes primeiras da terra Brasis, aqui ocupadas pelos tupinambás no atual centro da cidade, no Rio Vermelho, Itapuã, Paripe, Abrantes e em toda a fralda litorânea até Sergipe D'el Rey.
Hoje, infelizmente, só se destaca a cultura afro. É afro pra lá; afro pra cá mais parecendo que a terra Brasil era, originalmente, habitada pelos africanos.Taí, por um acaso do esporte, um Índio fazendo história no futebol baiano e trazendo de volta uma cultura massacrada e inferiorizada tantos pelos euro-descendentes; quanto pelos afro-descendentes.