Cultura

MINISTRA PREGA O RACISMO E DEPOIS DIZ QUE FOI MAL INTERPRETADA

Através do Terra a ministra diz que foi mal interpretada
| 28/03/2007 às 09:25
   A ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), defendeu o racismo de estado e afirmou que "considera natural um negro se insurgir contra um branco".

   Destacou ainda que "acha natural que tenha (racismo no Brasil)" e frisou que "racismo é quando uma minoria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos dos outros". Segundo a ministra, "a reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso".

   Por fim, para completar sua desastrada opinião, concluiu: "Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou".

   DORA KRAMER

   Em sua coluna de hoje, a colunista política Dora Kramer, destaca que, "ao se considerar aceitável o pensamento da ministra de que o racismo se traduz no poder da maioria de coibir ou vetar o direito do semelhante - sendo inválido o inverso - teríamos de aceitar que às minorias tudo é permitido, inclusive o crime.

   O artigo de Dora intitula-se Racismo de Estado e a colunista cita que a ministra "tem todo direito de pensar o que bem entender e se expressar como melhor lhe aprouver. Noão pode, contudo, esperar compreensão nem candidatar-se ao perdão.

   Ainda segundo Dora, "não parece adequado que, sendo uma defensora convicta da naturalidade contida no ato de um ser humano recusar-se à convivência do outro por rejeição à cor de sua pele e ao formato de suas feições, a ministra Matilde Ribeiro permaneça no cargo de representação do Estado brasileiro na pasta responsável pela promoção da igualdade racial. Por um simples e óbrio motivo: dona Matilde é racista.
 
   MAL INTERPETADA

   Hoje, no portal Terra, a ministra já desculpou-se e disse que houve uma má interpretação de sua fala. Como sempre acontece nesses e em outros casos do governo do presidente Lula a culpa é da imprensa que interpretou seu pensamento observando parte do contexto de sua fala e não o conceito geral.

   Também em nota a imprensa seu gabinete destaca que "a ministra apenas reconhece a histórica situação da exclusão social de determinados grupos étnicos no Brasil, prevalecendo após 120 anos de abolição, que pode, por vezes, provocar esse tipo de atitude condenável".

   OAB NACIONAL REAGE

   O presidente da OAB, Cezar Britto, reagiu as declarações da ministra declarando que "compreender uma situção é completamente diferente de ter que aceitá-la. Espero que a ministra não tenha aplicado o conceito de compreensão com o de aceitação"