O encontro está aberto ao público
A Faculdade de Comunicação da UFBA abriga, a partir de hoje, às 19h e até a próxima quinta-feira, mais um ciclo de debates sobre políticas culturais para a Bahia. O evento é promovido pelo Programa Multidisciplinar de Pós-Gradução em Cultura e Sociedade e pelo Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult) - não confundir com CUT - e terá como convidado top o secretário Executivo do Minc, Juca Ferreira, e o secretário de Estado da Cultura, Márcio Meireles, além de outras autoridades.
Como enfatiza o poeta Almandrade - vide artigo neste Bahia Já - ao que tudo indica estão promovendo um encontro de notáveis da burocracia estatal, esquecendo de quem faz a cultura que é o artista, para discutir ou rediscutir o óbvio, uma vez que, até agora, a tal mudança radical de um determinado tipo de cultura que era praticado pelo governo anterior para uma nova proposta, ainda não saiu do papel. Ou do plano das idéias.
Segundo Albino Rubim, que é coordenador do ciclo dos debates - em depoimento a A Tarde - "Desde os anos 90 houve uma submissão da cultura em relação ao turismo" (sic). Para ele, ao ser "retirado isso, é preciso ponderar como as coisas serão feitas a partir daí". A segunda questão, segundo ele, é que, "nesse mesmo período de 16 anos, a cultura e o estado estiveram sob a lógia política de um mesmo grupo". Para concluir: "Não quero pensar (em relação ao governo Wagner) "que vai ser apenas uma troca de pessoas".
COMENTÁRIO BAHIA JÁ
Um ciclo de debates é sempre oportuno. Na maioria das vezes não dá em nada porque os programas na área cultura, como quaisquer outros nos órgãos estatais, seguem a lógia da política. As observações de Rubim são exageradas quando diz que nos governos passados, na Bahia, houve uma submissão da cultura ao turismo. Trata-se, em primeiro instância, exceto se Rubim pontificar isso com exemplos concretos do que aconteceu, uma declaração que visa por um carimbo que não condiz com a realidade. Ademais, imaginar que cultura e estado estão dissociados dos grupos políticos que dominam o poder, é ser ingênuo. Até porque, segundo comentários de bastidores, foi Rubim quem teria indicado Cica Nussbaumer como diretora da Fundação Cultura, pessoa que, com todos os méritos, ainda é neófita em conhecimento sobre a cultura baiana.