A Espanha sofreu pressões de várias instituições, sobretudo do Observatório da Imagem do Instituto Espanhol da Mulher e retirou anúncios de out-doors e revistas, da grefie italiana Dolce & Cabbana que expõe uma mulher dominada pelos punhos e posta no chão. A alegação das ligas espanholas é de que o anúncio incita a violência contra as mulheres e pode provocar uma ola (onda) de fatos assemelhados.
Os donos da marca Domenico Dolce e Stefano Cabbana publicaram uma nota na imprensa italiana afirmando que iriam acatar a decisão dos juizes espanhóis, mas, não entendiam como se pode censurar uma obra de arte. A nota usa o termo castelhano "en que la España se ha quedado um poco atrás" que, em bom português, significa que a Espanha continua um país atrasado nesse aspecto.
Os italianos mantiveram a peça em outros países da Europa e a apresentaram em destaque numa exposição aberta ontem, em Milão, intitulada Cerimônia Secreta, do fotógrafo Steve Klein, com peças de várias campanhas da Dolce & Cabbana. Os donos da grife ficaram tão indignados com o que chamam de censura retrógroda da Espanha que prometem colocar na próxima campanha uma mulher desnuda sobre um homem para ver se os espanhós aceitam.
COMENTÁRIO
A tradicional família espanhola ainda tem muita força no país de Gaudi e Almodovar. Embora a Espanha tenha avançado muito, sobretudo nas últimas décadas, nos planos de sua economia e modernidade de suas cidades, ainda prevalece com muita força uma sociedade tradicional em que os costumes familiares à moda antiga são considerados invioláveis. Os espanhóis não entendem a propaganda como uma forma de arte e sempre estão protestando quando peças publicitárias invadem seu mercado com cenas que não admitem. Esta não é a primeira vez que isso acontece; nem será a última.
A rigor, a censura na Espanha se encerrou, em tese, com a queda do generalíssimo Franco, em meados de 1975.