Bahia

HISTÓRIA BAIRRO URBIS I, SERRINHA: BOM LUGAR DE MORAR, MAS ABANDONADO

Bairro está precisando de uma vassourada e capinagem nas ruas e praças
Tasso Franco ,  Salvador | 13/12/2021 às 08:39
Praça Rubem Nogueira necessitando de uma limpeza geral
Foto: BJÁ
       O bairro URBIS I, em Serrinha, oficialmente Conjunto Habitacional Serrinha I (AMUS I), fica localizado à margem esquerda da BA 409 - estrada estadual Serrinha a Coité - e é um dos mais recentes da cidade, a completar 40 anos de existência. É um bairro consolidado e como o próprio nome diz nasceu com a construção de um conjunto habitacional da antiga URBIS financiado pela Caixa numa área, hoje, sem locais de expansão, uma vez que ao Sul passando a linha do trem faz divisa com o Novo Horizonte; a Leste com o URBIS II; ao Norte com a Av ACM e o bairro Rodoviária e a Oeste com a BA-409 e o bairro Estádio.

  A Habitação e Urbanização da Bahia (URBIS) foi criada pela Lei no. 2.114, de 4 de janeiro de 1965, como uma empresa de economia mista, para operacionalizar a política habitacional do Governo do Estado, vinculada estruturalmente à então Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social.

  Pela lei nº 7.435 de 30 de dezembro de 1998, a Habitação e Urbanização do Estado da Bahia S/A (URBIS) foi liquidada e as políticas governamentais responsáveis pelos conjuntos habitacionais e expansão urbana na Bahia foram transferidas à CONDER, que passou a ser chamada de Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, seu atual nome.

  O Conjunto Habitacional Serrinha I - nunca pegou esse nome e o bairro é conhecido como URBIS I - nasceu no inicio da década de 1980 quando a estrada para Coité ainda não era asfaltada. Lembra o caminhoneiro Moacir Elias dos Santos, que "vim morar em 1984 quando Zé Roberto Vilella, o qual tinha 5 ou 6 casas na URBIS, cedeu-me uma das casas, pois, eu diriga uma carreta para ele, e me encontro ainda hoje no Caminho 1, que é a rua principal, paralela a estrada para Coité".

  A irmã de Zé Roberto, Dialeni Oliveira Vilella, ex-presidente da Associação de Moradores (criada pelo Senhor Dermeval) e também antiga moradora do bairro, vizinha de Moacir, conta que seu irmão adquiriu um corredor de casas - da atual Padaria Maria do Carmo até onde ela mora - e o bairro, que era eminentemente residencial, aos poucos, foi incorporando casas comerciais e de serviços, especialmente no Caminho 1 e na Rua F, as principais, recebeu urbanização - calçamento - na primeira gestão do prefeito Claudionor Ferreira da Silva (Ferreirinha) 1993/1997 e foi se organizando com o passar das décadas.

  "Eu, meu ex-marido Marlon (já falecido), meu filho Yuri e outros moradores fomos nós que plantamos as algarobas que existem no bairro, em todas as ruas, mudas que nos foram fornecidas pela Vale do Rio Doce". Lembra a ex-presidente da Associação que o bairro foi se estruturando graças aos moradores e a luta permanente da comunidade. "Trouxemos tambéwm com a ajuda da Vale um posto de saúde para o bairro, hoje, considerado um dos melhores dessa zona da cidade", frisa.

  Já a atual presidente da Associação de Moradores, Marilene Silva Santos de Jesus, explica que a entidade comunitária passou por dificuldades com gestões tumultuadas após Dielni, e somnente agora, a juiza de direito Lisiane Souza Alves Duarte nomeou de direito, em 16 de setembro de 2021, uma administração provisória para voltassemos a trabalhar. Marrilene diz que essa descontinuidade no trabalho da Associação prejudicou o bairro e situa que, mesmo tendo trabalhando políticamente para a eleição do atual prefeito Adriano Lima, "o bairro está abandonado, com muito mato nas ruas e praças e sem qualquer tipo de melhorias, o que é péssimo", frisa.

  Percorremos algumas áreas do bairro e constatamos que, de fato, há um abandono com as principais praças - a das Algarobas e a Rubem Nogueira, ao lado da Av ACM - com a fonte d'água repleta de lixo e mato  no entorno.

  Marilene, esposa do sargento PM Laurindo, residente há muitos anos com a familia numa casa da rua F, quase ao lado da capela Nossa Senhora do Pilar, diz que com a regularização da Associação vai reivindicar os direitos da comunidade junto a Prefeitura e outros órgãos públicos para obter melhorias no bairro. 

  Moacir diz, que mesmo assim, o URFBIS I (ou AMUS I) "é o melhor bairro de Serrinha e daqui não saio de jeito algum", frisa. Marilene e Dialeni também acham que o bairro é muito bom, hoje, perto de tudo, ao lado do Estádio, da UNEB, do Fórum Luis Viana Filhjo, so Shopping Serrinha, tudo isso fez com que se tornasse ainda mais valorizado. 

  JÁ TEVE ATÉ UM BREGA

  "Toda essa área aqui pertencia ao filho de Sêo Novaes, José Novaes, onde existia um matadouro, curral e salgadeira", aponta Marilene para um trecho próximo de sua residência que, com as casas da URBIS tudo se modificou.

  - A luta foi grande - narra Dialeni - pois nessa praça (das Algarobas) funcionava uma casa de prostituição  de um homem conhecido como Deca Cearense, o qual arregimentava jovens novinhas da cidade e dos distritos para atender seus clientes. Nos brigamos muito, fomos a Justiça, colocamos a boca no trombone e a casa foi fechada. Posteriormente, o que a gente sabe é que Deca foi embora - creio pro Ceará - e mataram ele por lá.

  Conhecemos também Neném um dos principais empreendedores do bairro proprietário da Padaria Maria do Carmo - rua F - que tinha negócios do outro lado da estrada e mudou-se para o URBIS I, e, hoje, seu negócio é um dos principais do bairro (e da cidade) no gênero. 

  UM ATELIÊ DE ARTE

  No Caminho 1 se situa a Casa do Artista de Sirlândio Mattos - pintor, desenhista, escultor e artista da madeira - natural do Araci residindo há 15 anos em Serrinha e com seu ateliê no URBIS I desde 2020. "Moro na Av Getúlio Vargas com a familia e escolho o URBIS I porque dá mais visibilidade ao meu trabalho e os resultados que tenho alcançado são bons", comenta.

  COMO ESTÁ O BAIRRO HOJE

  É um bairro pequeno, estruturado, quase todo com calçamento em paralelepípedos, residencial, porém, como muitas casas comerciais e de serviços, área de lazer com concha acústica na praça Rubem Nogueira e próximo ao Centro Esportivo da Cidade Nova - a ser reinaugurado em janeiro de 2022. Fica também próximo ao Colégio Estadual Rubem Nogueira, ao Colégio Estadual Normal de Serrinha e a UNEB o que atende seu alunado.