Dados do governo do Estado
Da Redação , Salvador |
05/08/2017 às 11:18
Sessão especial do Topa na Assembleia e dona Evani Rocha, 84 anos de idade
Foto: Pedro Ivo
Com mais de 1,5 milhão de beneficiados na Bahia, Topa completa dez anos
Alfabetizandos e alfabetizadores do Todos pela Alfabetização (TOPA) lotaram a sessão especial no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), nesta sexta-feira (4), em homenagem aos dez anos do programa, que já beneficiou mais de 1,5 milhões de pessoas em toda o estado, graças à parceria do Governo com prefeituras municipais e entidades dos movimentos sociais e sindicais, bem como universidades públicas e institutos de Educação sem fins lucrativos. A sessão contou com as presenças dos secretários da Educação, Walter Pinheiro, e de Desenvolvimento Econômico da Bahia, Jacques Wagner.
O secretário Walter Pinheiro destacou a importância da implantação do TOPA, na Bahia, e o que representa uma década do programa. “O TOPA foi um desafio pautado pelo governo estadual que se instalou em 2007, tendo à frente o governador Jacques Wagner", disse. Ainda de acordo com Pinheiro, o desafio, agora, é dar sequência à base implantada pelo programa. “O governador Rui Costa teve a sábia decisão de unir o programa ao Pacto pela Educação, em um regime de colaboração entre o Estado e os municípios, dando a essas pessoas, que foram vítimas durante anos e anos ao não acesso à Educação na idade certa, mais dignidade para que sejam reinseridas na sociedade. O nosso novo desafio é pegar essas pessoas que foram alfabetizadas e fazê-las voltar à escola para aprender e aprimorar técnicas de suas atividades profissionais para que possam, efetivamente, dar o passo seguinte em suas vidas”, completou. O secretário também criticou a postura do governo Federal, que cortou verbas do programa, este ano, diminuindo o alcance e o atendimento ao público-alvo do TOPA.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Jacques Wagner, também falou sobre os dez anos do TOPA. “Este momento em que o programa completa uma década de existência representa uma importante caminhada na busca pela dignidade e cidadania, porque era uma vergonha que a terra de Cosme de Farias, Castro Alves e Anísio Teixeira e tanta gente mais dedicada à Educação tivesse o maior número de analfabetos do Brasil. Então, não podíamos manter essa marca e lançamos o programa. Estamos aqui para celebrar algo que é fundamental na vida de qualquer pessoa, que é o acesso ao conhecimento. Hoje, comemoramos os mais de 1,5 milhões de alfabetizados, até 2016, e os 32 mil professores que, enfrentando todas as dificuldades inimagináveis, venceram o desafio proposto pelo TOPA, que considero muito emocionante porque estamos falando não de números, mas de vidas”.
Quando dona Evany Rocha, 84 anos, ex-copeira, entrou no TOPA, não sabia ler, nem escrever. “Nunca tinha frequentado uma escola em toda a minha vida, até que surgiu a oportunidade do programa e resolvi apostar, mesmo já na idade que estou. O TOPA me fez entender o significado do conhecimento para a nossa vida. Hoje, já posso até escrever cartas para os parentes. Foi muito boa a experiência”, relatou. A deficiente visual Luciana Xavier, 35 anos, também comemora o seu sucesso com o letramento. “As aulas do Topa eram no Instituto dos Cegos, no Barbalho, e foi essa chance que tive que me fez mais feliz, a partir do ano passado, quando ingressei no programa. O TOPA significa tudo na minha vida porque, graças a ele, hoje eu sei ler e escrever”, contou Luciana, que foi chamada na tribuna da Assembleia Legislativa para dar o seu testemunho.
A professora do TOPA, Andréia Santana, do município de Ibotirama, também comemorou. “É muito gratificante, para mim, ensinar a essas pessoas, a maioria feirante, que não tiveram a oportunidade na idade certa e vê-las escrevendo, lendo, fazendo contas, facilitando a sua vida pessoal e no trabalho. E eu aprendo muito com eles”, revelou, emocionada, a professora que para dar aula atravessa o rio de barca rumo à Ilha Grande, onde moram os seus alunos
A sessão especial contou ainda com as participações dos ex-secretários da Educação do Estado, Adeum Sauer e Osvaldo Barreto, da coordenadora de Projetos Especiais da Secretaria da Educação, Elenir Alves, além de representantes de entidades dos movimentos sociais e de instituições de Educação, como o Instituto Paulo Freire.