Presas se revoltaram diante de possíveis privilégios. Com informações do Sinspeb
Da Redação , Salvador |
14/11/2016 às 15:37
Cipe foi chamada para acalmar os ânimos
Foto: DIV
Na última quarta-feira (09/11), por volta das 17h30, feriado municipal em Vitória da Conquista, o diretor do Presídio Nilton Gonçalves, Alexsandro Oliveira, resolveu conceder privilégios a um grupo de presas, segundo as internas. As informações que chegaram a um dos corrdenadores do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb), é de que tratam-se de familiares de políticos do município de Mirante presos pela Policia Federal. Dentre as detentas está a primeira dama do município, que foi presa juntamente com o prefeito.
Segundo os Agentes Penitenciários a Ala feminina do Presídio Nilton Gonçalves funciona da seguinte maneira: quando uma presa chega ela fica em observação por 10 dias em uma cela utilizada exclusivamente para essa finalidade, após essa observação, no 11º dia observado o comportamento da presa ela é distribuída para a cela em que deverá aguardar decisão judicial ou cumprir a pena.
Neste dia, estavam na cela de observação nove presas aguardando o prazo dos dez dias, dentre essas estavam 04 presas “importantes”, pois têm ligação política partidária com outros presos e esposos políticos da prefeitura de Mirante que estão custodiados no presídio novo de Vitória da Conquista.
A determinação do diretor da unidade foi a seguinte: seriam transferidas as 4 internas da “prefeitura de Mirante”, que estavam em período de observação, para outra cela, onde terminariam de cumprir o período de observação. A direção informou que isso deveria ser feito naquele dia e que foi um pedido do juiz.
Quando informado pelos agentes que aquela mudança causaria problemas, pois a regra não é essa, o diretor mandou que constasse em ocorrência que foi ordens dele. As demais internas interpretaram essa mudança prematura como regalia, uma vez que todas as presas que chegam à unidade passam pelo período de observação juntas.
Outra questão que corrobora com a interpretação feita pelas internas é que para que a transferência fosse feita seria necessário desocupar uma cela ocupada por duas presas que trabalham na unidade e são chamadas de “correrias”. As duas “correrias” deveriam ser colocadas em outra cela que estava sendo submetida a uma reforma, mas não estava em condição de uso, inclusive ainda estava sem portas.
Diante dessas questões as presas começaram a manifestar-se com gritos e pancadas nas portas, demonstrando insatisfação pelo tratamento diferenciado as quatro “ilustres” custodiadas.
Ao chegar para conversar com as presas o diretor tentou argumentar que teria sido uma ordem judicial, porém, as mesmas não aceitaram e insistiram em cantar e bater nas portas. Dentre os argumentos das internas estão: “até mesmo presas grávidas não tiveram tratamento diferenciado, as ‘ilustres’ não possuem nível de escolaridade superior, será castigo para as ‘correrias’”, etc.
Em seguida o diretor ameaçou transferir e cortar qualquer benefício concedido caso elas não parassem, e como elas não aceitaram os argumentos e ameaças, a situação progrediu para a intervenção policial, solicitando o apoio da Companhia Independente de Policiamento Especializado (CIPE-Sudoeste) e transferência das presas para o superlotado presídio de Jequié.