Com informações do Anuário Brasileiro de Segurança Pública/Terra/Correio
Da Redação , Salvador |
28/10/2016 às 18:26
Homens mortos no final de semana em Camaçari
Foto: Bahia no Ar
A Bahia foi estado brasileiro com o maior número de Mortes Violentas Intencionais (MVI) em todo o ano de 2015: foram 6.338 ocorrências, incluindo homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Na categoria de homicídios dolosos, estão inclusas as mortes de policiais e as mortes decorrentes de intervenção policial, em serviço ou fora de serviço.
Em números absolutos, houve redução de 0,43% em relação a 2014, quando foram registradas 6.366 mortes violentas intencionais. A taxa de mortes violentas no estado também caiu, mas 0,9%: em 2014, foi de 42,1 para cada 100 mil habitantes, enquanto em 2015, de 41,7 para cada 100 mil.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicação do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O anuário completo, que este ano destaca as mortes violentas, será publicado na próxima quinta-feira (3).
Atrás da Bahia, aparecem os estados de São Paulo (5.196), Rio de Janeiro (5.010), Minas Gerais (4.339), Ceará (4.105), Pernambuco (3.888) e Pará (3.759).
As maiores taxas de MVI, no entanto, estão nos estados de Sergipe (57,3), Alagoas (50,8) e Rio Grande do Norte (48,6). A Bahia aparece em sétimo lugar, no que diz respeito à taxa, com 41,7 mortes para cada 100 mil habitantes.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) questionou os números levantados pelo Anuário e ressaltou a necessidade de padronização da contagem de Crimes Violentos Letais Intencionais no Brasil "para que não sejam produzidos rankings distorcidos". "Comparar os estados nordestinos, inclusive a Bahia, que não utiliza a categoria 'mortes a esclarecer', com federações que utilizam essa nomenclatura é desigual", diz a pasta em nota.
A SSP-BA destacou, ainda, que as divergências de metodologia "induzem a um erro grosseiro, que expõe os estados transparentes na divulgação dos dados e protege àqueles que utilizam de subterfúgios que mascaram a realidade das grandes metrópoles". Segundo a SSP, há estados que contabilizam chacinas como um crime único, enquanto a Bahia considera cada morte um crime diferente. "A SSP-BA entende que enquanto não houver a padronização na metodologia utilizada na contagem, não há como fazer comparativos fieis à realidade", completa a pasta.
DADOS DO BRASIL
O Brasil registrou mais mortes violentas de 2011 a 2015 do que a Síria, país em guerra, em igual período. Os dados, divulgados nesta sexta-feira (28), são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Foram 278.839 ocorrências de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e morte decorrente de intervenção policial no Brasil, de janeiro de 2011 a dezembro de 2015, frente a 256.124 mortes violentas na Síria, entre março de 2011 a dezembro de 2015, de acordo com o Observatório de Direitos Humanos da Síria.
"Enquanto o mundo está discutindo como evitar a tragédia que tem ocorrido em Alepo, em Damasco e várias outras cidades, no Brasil a gente faz de conta que o problema não existe. Ou, no fundo, a gente acha que é um problema é menor. Estamos revelando que a gente teima em não assumi-lo como prioridade nacional", destacou o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima.
Apenas em 2015, foram mortos violentamente e intencionalmente 58.383 brasileiros, resultado que representa uma pessoa assassinada no País a cada 9 minutos, ou cerca de 160 mortos por dia. Foram 28,6 pessoas vítimas a cada grupo de 100 mil brasileiros. No entanto, em comparação a 2014 (59.086), o número de mortes violentas sofreu redução de 1,2%. "A retração de 1,2% não deixa de ser uma retração, mas em um patamar muito elevado, é uma oscilação natural, de um número tão elevado assim", ressaltou Lima.
Das 58.383 mortes violentas no Brasil em 2015, 52.570 foram causadas por homicídios (queda de 1,7% em relação a 2014); 2.307 por latrocínios (aumento de 7,8%); 761 por lesão corporal seguida de morte (diminuição de 20,2%) e 3.345 por intervenção policial (elevação de 6,3%).
Estados
Sergipe, com 57,3 mortes violentas intencionais a cada grupo de 100 mil pessoas, é o Estado mais violento do Brasil, seguido por Alagoas (50,8 mortes para cada grupo de 100 mil) e o Rio Grande do Norte (48,6). Os Estados que registraram as menores taxas de mortes violentas intencionais foram São Paulo (11,7 a cada 100 mil pessoas), Santa Catarina (14,3) e Roraima (18,2).