Nível das águas em Sobradinho pode melhorar
G1 e Chesf , MG e BA |
20/01/2016 às 19:57
Córrego Danta subiu cerca de seis metros
Foto: Reginaldo Satorino
Há oito anos a vazão da Cachoeira Casca D'anta na Serra da Canastra, em São Roque de Minas, não era tão intensa como a que foi registrada nesta quarta-feira (20), segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). As chuvas frequentes de uma semana inteira elevaram o nível do Rio São Francisco em quatro metros. O volume é de 200% a mais que em 2014 e 2015, quando o rio enfrentou seca drástica da nascente histórica. Ainda na região Centro-Oeste de Minas, as cidades de Divinópolis, Córrego Danta e Conceição do Pará adotam medidas para reduzir o prejuízo causado pelas chuvas.
O trecho de um vídeo enviado por um morador mostra que não é possível chegar próximo da cachoeira. O ICMbio informou que não há proibição de tráfego de turistas no local, contudo, a orientação é não se aproximar da cachoeira por conta do chamado "spray de água" lançado pela cachoeira. Também não é aconselhável nadar pelos riscos de tromba d'água.
O chefe substituto do Parque Nacional da Serra da Canastra e representante do ICMbio, Vicente Faria, disse que o Rio São Francisco percorre 14 quilômetros até a cachoeira Casca D'anta. As nascentes estão jorrando água, mas por conta das condições das estradas não é possível chegar a nenhuma delas. Turistas com carros de passeio não conseguem subir a serra.
O ICMbio monitora áreas de risco de desmoronamento e informa que até o momento está tudo sob controle. A recomendação é que os turistas esperem as chuvas cessarem para então visitarem a região da Serra da Canastra.
ANA e Chesf apontam para uma vazão de até 500 m³/s em Sobradinho
No decorrer da reunião por teleconferência realizada na última segunda-feira, 18 de janeiro, a partir de Brasília (DF) para os diversos estados inseridos na bacia do rio São Francisco, os representantes da Agência Nacional de Águas (ANA) sinalizaram com a possibilidade de reduzir a vazão da Barragem de Sobradinho dos atuais 800 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 500 m³/s, como forma de evitar o uso do chamado volume morto do reservatório.
A notícia dessa possibilidade, recebida com inquietação por vários participantes da reunião, veio como resultado da apresentação pela equipe da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) da análise que praticamente descarta o uso significativo do volume morto para fins de geração de energia hidrelétrica, apesar de a barragem possuir descarga de fundo que permite essa utilização.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, que participou da teleconferência a partir da sede do colegiado, em Maceió (AL), solicitou acesso ao teor da análise da Chesf para submetê-la ao
exame dos especialistas do Comitê. “No possível acesso ao volume morto de Sobradinho haverá sempre algum nível de impacto, mas impacto negativo ainda maior será causado por uma redução tão dramática quanto 500m³/s”, ponderou.
Diante do quadro, Miranda voltou a propor o estudo de novas alternativas que garantam a sobrevivência do rio e apontou para a necessidade da restrição de outorgas. “Se, no decorrer de 2016 a situação hidrometeorológica chegar aos piores extremos, o
que não é o cenário mais provável, será preciso encontrar novas alternativas, tais como restrição de outorgas, para dividir o peso desses impactos e evitar vazões de volume tão degradantes para um ecossistema já estressado além do
limite”, considerou.