Bahia

CACHOEIRA: Aprovado tombamento de Terreiro Roça do Ventura

O Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde é considerado bem cultural de importância significativa
para a história religiosa brasileira
Rosilane Barbosa , Cachoeira | 04/12/2014 às 20:16
O Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde é considerado bem cultural
Foto: Iphan
O Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja, também conhecido como Roça do Ventura, de Cachoeira (BA), é o mais novo bem considerado Patrimônio Cultural do Brasil. A decisão do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural foi tomada hoje (04 de dezembro), na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília. O Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde é responsável pela preservação de umas das tradições religiosas de matriz
africana, da liturgia do Candomblé de nação Jeje-Mahi originaria nos cultos às divindades chamadas Vodum. O Seja Unde tem fundamental importância na conformação da rede de terreiros do Recôncavo Baiano e, sobretudo, para a
formação histórica do Candomblé como uma instituição religiosa.

 O superintendente do IPHAN na Bahia, Carlos Amorim, que participou da reunião do Conselho, ressaltou que o Terreiro Roça do Ventura é um bem cultural de importância significativa para a história religiosa brasileira. “Além disso, os tombamentos e outras ações voltadas para a cultura afro-brasileira reafirmam a postura do IPHAN
na mudança de conceito sobre o que é patrimônio cultural, que inclui todas as manifestações que contribuíram para a formação do país e da sociedade brasileira ao longo dos séculos”, completou Amorim.

A solicitação para o tombamento da casa de candomblé matricial de tradição jeje-mahi foi feita pela então presidente da Sociedade Religiosa Zogbodo Male Bogun Seja Unde, Alaíde Augusta da Conceição, a veneranda vodunce Alaíde de Oyá, em dezembro de 2008 e reinterado, em 2009, pelo atual presidente da Sociedade Religiosa Zogbodo Male Bogun Seja Unde e Ogã da casa, Edvaldo de Jesus Conceição, o Buda.Estudos 

A importância e simbologia da Roça do Ventura no contexto da tradição Jeje para a história do candomblé no Brasil é amplamente destacada em vários estudos antropológicos e sociológicos que tratam da questão religiosa e no país. Entre os trabalhos estão Brancos e Pretos na Bahia (Estudo de contacto racial), escrito na cidade de Salvador
entre os anos de 1935-1937 por Donald Pierson e publicado originariamente em 1942, com várias reedições; Afro-Brazilian Culture and Politics: Bahia, 1970s to 1990s, de Hendrik Kraay; Gaiaku Luiza e a Trajetória do
Jeje-Mahi na Bahia, de Marcos Carvalho; A Formação do Candomblé: História e Ritual da Nação Jeje na Bahia, de Luis Nicolau Pares.