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Foram 37 Academias de Letras e Artes da Bahia, representadas por confrades e confreiras, que viajaram dos mais diversos e longínquos municípios, até Salvador, para compartilhar atividades, realizações e desejos em reforçar o papel enobrecedor das Academias de Letras em promover e difundir informações como instrumento poderoso de vida coletiva.

A satisfação, unânime, com os trabalhos da Comissão organizadora do 1° Colóquio das Academias de Letras da Bahia, fortalece a rede RICA como coletivo agregador em experiências, aproximação, valorização das letras, da cultura e da promoção da paz, onde carta foi aprovada, durante o evento, para o envio a instituições internacionais no pedido de paz.

O reconhecimento da RICA como rede abre caminho para novos encontros debates, apoios, articulações, em prol das academias, manifestadas por dezenas de instituições no sábado, dia 21 de outubro, no auditório do Hotel Portobello, em Salvador, Bahia.

Bahia é destaque.

O estado da Bahia registra o maior número de Academias, de todo o Brasil. Algumas com mais de 30 anos, como a ACLASB, em Senhor do Bonfim, fundada pelo ex-padre, ex- prefeito e professor Paulo Machado.

O trabalho histórico e incansável de cidadãos para o surgimento de novas Academias, como o do confrade Benjamin Batista, mereceu um tempo de destaque sobre o processo de construção desses espaços onde nascem e se alimentam de poesia, música, teatro, ciência, literatura e informações diversas, em nome do bem estar da vida coletiva.

Demandas acadêmicas

Os relatos sobre as ações e necessidades, enviadas por cada Academia para a coordenação da rede RICA, foi apresentada pela confreire Maribel Barreto, numa síntese, aplaudida, onde cada Academia pôde se reconhecer na representação condensada em 30 pontos, por Maribel, da coordenação RICA.

Durante as exposições das Academias de cada município, pontos comuns entre elas, unem o papel institucional.

O jornalista e confrade Carlos Ribeiro, representante da Academia de Letras da Bahia, transmitiu a mensagem do presidente Ordep Serra, cujo discurso registra a importância do trabalho coletivo, como da RICA: " A Academia de Letras da Bahia está empenhada no sentido de que essa rede de cooperação de fato se solidifique e seja um potente promotor e difusor de cultura. A iniciativa faz parte de um movimento de abertura que vem ocorrendo na ALB nos últimos anos. 

Acreditamos que nestes novos tempos não é mais possível que uma academia fique encastelada em sua torre de marfim servindo apenas como prêmio e reconhecimento a seus membros. É preciso mais. Um acadêmico, mais que uma pessoa que recebe os louros de uma vida cultural notável, deve ser alguém que defende e promove a cultura, que incentiva o surgimento de expressões artísticas novas e diversas e contribui para a diminuição das desigualdades.

 A literatura e a arte são direitos de todos, seja para fruição seja para a produção. Cabe a uma instituição sólida e com prestígio na sociedade, como é cada academia em seu território de atuação, assumir essa responsabilidade".

Ações plurais

Em seguida, o presidente detalha, em texto sobre as realizações dos últimos anos, que a " Academia de Letras da Bahia ampliou sua área de atuação. Já havia, é verdade, uma vocação plural, afinal somos uma diversidade de 40 universos culturais, mas não vínhamos efetivando essa pluralidade em nossas ações. Hoje, estamos em um processo de transformação".

Ações diversas

Na exposição sobre os trabalhos realizados na ALB, Ordep Serra diz que desde 2021, foram realizadas mais de 100 atividades formativas, entre seminários, simpósios, colóquios, cursos, programas de entrevista e saraus.

Atingindo um público de mais de 12.000 pessoas e emissão de mais de 2.000 certificados de participação.

E analisa " Os números são expressivos, mas a diversidade de temas tratados é ainda mais relevante".

Pautas urgentes

No ritmo dos desafios sociais em a Academia de Letras da Bahia trouxe à discussão, conforme Ordep Serra, temas sociais urgentes para sociedade como Democracia e cultura, fome, liberdade de imprensa, preocupação com o patrimônio cultural, meio ambiente e a interdisciplinaridade entre arte, literatura e direito. A justiça foi objeto de diversos eventos, notadamente aquela feita por mulheres negras. 

O cinema foi objeto de reflexão; as artes visuais foram contempladas com a instituição do Livro de Ouro dos Artistas. Estamos preparando uma galeria virtual com obras de arte doadas pelos principais artistas baianos em atividade. A confreira Lia Robatto comanda o programa Sábados das artes, no YouTube, e Papo das artes, na TV ALBA".

Tradição e inovação

Sobre produção literária Ordep Serra informa que foi aberto espaço para escritores de todas as correntes em programas de entrevista como o Palavra&ponto, no canal do YouTube e Letras da Bahia, na Rádio Excelsior".

Com relação ao projeto Poesia na Academia, sob o comando da confreira Heloisa Prazeres, o presidente disse que o projeto contempla poetas e prosadores renomados da literatura brasileira e estrangeira".

Em áreas de referência da academia, como o tradicional Curso Castro Alves, estudos sobre a literatura baiana, mantém-se "graças ao trabalho incansável de Aleilton Fonseca", reconhece o presidente da ALB.

Com um olhar aberto sobre o papel social das Academias, Ordep Serra diz:

"É preciso, ainda, destacar os seminários Arte e pensamento, que já contemplaram temas como as artes e pensamentos indígena, afro-brasileiro, quilombola, LGBTQIAPN+ e feminista e abolicionista.

A Tribuna Edith Mendes da Gama e Abreu, em homenagem à primeira mulher a entrara na ALB, em 1938, abre espaço às mulheres no intuito de minimizar a desigualdade de gênero que ainda hoje ocorre em nossa academia.

Confrades, confreiras, temos feito muito nos últimos anos e, no entanto, é pouco. É preciso fazer mais, pois é nossa responsabilidade. Se nossas comunidades nos veem como notáveis, se porventura somos notáveis, devemos nos fazer notar. Cabe-nos guiar a sociedade para longe do obscurantismo e da ignorância. Para isso, nossa união e o intercâmbio de experiências é fundamental. A Rede de integração cooperativa das academias de letras da Bahia, a RICA, com esse nome tão inspirado e tão inspirador, será o farol deste movimento.

Longa vida à RICA", finalizou o presidente da ALB Ordep Serra.

Articulação e mediação

O Doutor em Direito, confrade Efson Lima, assessor na coordenação da RICA, fez a mediação da mesa sobre Articulação e Mobilização Institucional a exemplo da Fundação Pedro Calmon, onde demandas foram apresentadas pela rede RICA. As propostas, conforme análise, estão alinhadas aos objetivos de gestão da instituição em promover a identidade cultural da Bahia. Diversas alternativas sobre o processo gestor de captação de recursos foram apresentadas, num debate aberto e participativo entre os membros representantes das Academias presentes ao evento, junto à coordenação e ao convidado da RICA, Vladimir Pinheiro, da Fundação Pedro Calmon, representada no Colóquio, pelo gestor, Nielson Santos, assessor chefe.

Editora baiana

O papel de editora da Fundação Pedro Calmon, foi levantado durante os debates do Colóquio e propostas foram encaminhadas, diante da necessidade de uma editora gráfica na Bahia com citação do exemplo de editora do estado de Pernambuco.Tema que mereceu caloroso debate e contribuições diversas.

Revista acadêmica

No alinhamento dos trabalhos finais, o confrade Aleilton Fonseca, da coordenação da RICA, ponderou esforços, desafios e alternativas. Entre elas, a de garantir que cada Academia possa ter assegurados os recursos para a produção de uma revista periódica, para publicação de suas realizações.

Sementes regadas

Depois de um dia inteiro, do credenciamento às 8:30h, até o registro da foto oficial, por volta das 19 hs, a coordenação fechou, com dinamismo e compromisso, os trabalhos construídos ao longo de encontros, reuniões, estratégias de comunicação, articulação e mobilização, na certeza da necessidade e desejo de muitas realizações.

As Sementes estão sendo regadas para que o 2° Colóquio seja realizado com harmonia e riqueza como o desse Colóquio