13 DE MAIO DE 1888: PINCELADAS NA ESCRAVIDÃO

ZédeJesusBarreto
13/05/2023 às 09:23
   O 13 de maio

   “É declarada extinta, desde a data desta lei, a escravidão no Brasil. Revogam-se as disposições em contrário”.

 

  Esse foi o texto, curto e grosso, da Lei Áurea, assinado pela Princesa Isabel, filha do Imperador Pedro II, no dia 13 de maio de 1888.

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‘Liberdade, liberdade

 Abra as asas sobre nós

 E que a voz da igualdade

 Seja sempre a nossa voz’

                                             (samba-enrêdo da Imperatriz Leopoldinense/1989)

 

 “... a liberdade significava, pela primeira vez na vida, a oportunidade de ir e vir, abandonar as senzalas e ir buscar trabalho em outro lugar, sem dar satisfações a ninguém...

  Alguns acampavam ao redor de vendas e tabernas, onde passavam as noites dançando e cantando em celebrações de alegria. ‘Ex-escravos perambulavam em grupos ao longo das estradas, sem destino, dormindo nos rancho ou ao ar livre”, registrou o jornal Novidades, da cidade de Vassouras.”                                                                            

    (trecho do livro ‘Escravidão III’, de Laurentino Gomes, cap 29 – O dia Seguinte)

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  Cabe aqui mencionar o Bembé do Mercado, de Santo Amaro da Purificação, espécie de  Candomblé de Rua, festejo popular e tradição história desde o 13 de maio 1888/89 aos dias atuais.

 
A bela composição “13 de maio”, de Caetano Veloso:

“Dia 13 de maio, em Santo Amaro/ Na Praça do Mercado

Os pretos celebravam/ (Talvez hoje ainda o façam)

O fim da escravidão/ Da escravidão

Tanta pindoba! / Lembro do aluá

Lembro da maniçoba/ Foguetes no ar

Pra saudar Isabel / Ô Isabé

Pra saudar Isabé”.


                                      Um pouco de História não faz mal.

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Voltemos ao livro Escravidão III, de Laurentino Gomes, leitura obrigatória:

 ... “Aos poucos, porém, a dura realidade foi se impondo. Passadas as noites de festas e danças, os ex-escravos perceberam que não havia para onde ir. Ninguém lhes daria trabalho. Grupos famintos e esfarrapados continuaram a perambular, a esmolar de casa em casa, de fazenda em fazenda, em busca de comida e amparo. Outros se dirigiam aos centros da cidade e vilarejos, tentando encontrar algum amparo das autoridades – o que não aconteceu em lugar algum”

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  O baiano Cezar Zama discursou já no dia 13 de maio de 1888, após o ato da Princesa  Isabel, cobrando educação, escola para todos:

  “Quem se encarrega de quebrar as cadeias da escravidão tem também o dever de quebrar as da ignorância”

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  No dia 26 de maio, seguinte, o abolicionista José do Patrocínio escrevia no jornal Cidade do Rio, também alertando, cobrando e apontando caminhos, firme:


  “Os que salvaram o homem do cativeiro não o devem esquecer agora na miséria.

    (...) Ao governo cumpre dividir a terra, estabelecer colônias para os que não têm 

    cabana, recolher os que caminham sem destino pelos desvios das matas (...)

    A divisão de terras é uma necessidade palpitante”

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  Em 17 de outubro de 1890, já depois do golpe chamado de Proclamação da República, um desiludido e guerreiro José do Patrocínio bradava, em artigo escrito que mais tarde lhe valeu uma prisão e extradição bancados pelos poderosos do ‘novo’ governo republicano. A punição aconteceu dois anos depois, na ditadura do Marechal Floriano Peixoto, o segundo presidente pós-monarquia. 

  Eis trechos do texto de Patrocínio, que parece ter sido escrito ontem:


  “Há uma ilusão de calmaria, porém o que existe é a desilusão do povo.

   (...) O país está parado (...), submetido a uma oligarquia de ambiciosos (...)

   Reduzido a um feudo de ministros (...)

   Não se respeitam o direito e a liberdade”


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  Tudo dito.

  No hoje e agora nos resta pensamentar.