Estudamos em 3 escolas distintas e o curso de jornalismo que era concluído em 3 anos passou a ser em 4 com a reforma universitária feita pelo reitor Roberto Santos. Começamos em 1968 na FAFIUFBA no bairro de Nazaré tudo junto e misturado - Jornalismo, História, Filosofia, Ciências Sociais, etc - sob a direção do professor Batista Neves, o qual depois foi secretário de Estado no governo Roberto Santos (1975/1979) e morreu precocemente.
Ano tumultuado, do AI-5, de muitos protestos e invasões pela PM da faculdade, daí houve uma descentralização dos cursos e fomos (Jornalismo) para o bairro do Canela, numa casa adjacente da Reitoria, na esquina da Araújo Pinho, de testa com a Escola de Teatro. O local era horrível, pequeno, zoadento, e aí se instalou a Escola de Biblioteconomia e Comunicação com a direção da professora Stela Pita Leite. As turmas de jornalismo torciam o nariz para a diretora (bibliotecária) e dávamos mais atenção ao professor Loureiro, que era o coordenador do curso.
Depois, já em 1970, fomos deslocados para outro prédio no Vale do Canela (em frente a antiga Casa da França) este um bom local, arejado, ajardinado, amplo, onde concluímos o curso em 1971. Era um ensino teórico e quem quis aprender a prática do jornalismo teve que trabalhar numa redação de jornal que era o meio de comunicação mais poderoso da época, em jornalismo, e tinha grandes equipes. E foi assim que eu fiz (e outros colegas) primeiro indo para o Jornal da Bahia, já em 1968, como 'jornalista foca', e depois para a Tribuna da Bahia onde tive primeira carteira de trabalho assinada, em 1969, dois anos antes de concluir o curso.
Era estranho, mas, assim que funcionava. Antes de minha formatura já era chefe de reportagem, um contra senso, mas, paciência, o mercado da época era assim com muitos espaços de trabalho. Tenho grandes recordações da FAFIUBA e das greve estudantis contra a ditadura, as assembleias algumas comandadas por Pomponet e Sarno, as escapadas da PM pelo fundo da escola pulando o muro que dava para a Fonte Nova, as prisões de colegas, as farras que fazíaamos no bar da Poeira e a liberação sexual que começou nessa época, especialmente pós o maio de 1968 de Paris, onde o sexo e a política rolavam ladeira abaixo.
JANTARES DA CONSUELO
Entre os professores da turma havia a mestra Consuelo Pondé de Sena. A foto que vocês veem nesta matéria é de um jantar que a professora Consuelo, então diretora do IGHB, no início do século XXI, ofereceu-nos em seu apartamento na Ladeira da Princesa Izabel, Barra Avenida. Fomos a mais de um jantar encontro na casa de Consuelo que era uma pessoa queridíssima da turma, falante, apaixonada pelos movimentos cívicos e pela história da Bahia, uma das herdeiras história de Frederico Edelweiss.
Nessa época eu era secretário de Comunicação da Prefeitura de Salvador e ajudava bastante o IGHB a pedido de Consuelo, um momento para consertar o telhado de uma área do prédio da Piedade que estava gotejando, outro para retirar os camelôs de sua janela, mais adiante para ajudar num seminário ou num lançamento de um livro e assim por diante. Falando com o prefeito Imbassahy e ele determinava que Covas, engenheiro da Prefeitura fosse resolver ou que Chico Sena desse uma ajuda na área cultura.
E foi assim que entrei como sócio colaborador do IGHB (pagando até os dias atuais) e ia com alguma frequência a Casa da Bahia papear com Consuelo sobre a cidade e história. Eu dizia: - Consuelo, a história da Independência da Bahia é mal contada, ainda vou colocar tudo nos seus devidos lugares. Ela respondia: - Não faça isso. Aí está o folclore e o brio do civismo baiano.
Consuelo morreu na função de diretora presidente do IGHB e alguns dos seus discursos na festa da Independência da Bahia, ao pé do Caboclo, na Lapinha, são memoráveis, ela trajada a rigor, em verde, amarelo e azul nas cores da bandeira brasileira e ostentando a frase positivista de Auguste Comte, Ordem e Progresso. (TF)