RETORNO DAS CRIANÇAS ÀS SALAS DE AULA REQUER ESTUDOS p OSVALDO BARRETO

Osvaldo Barreto
20/11/2020 às 18:54
O governo da Bahia definiu a liberação escalonada das voltas às aulas no Estado. O primeiro grupo liberado foi o das Universidades, contudo, não existe obrigatoriedade de adesão. Na cidade de Luís Eduardo Magalhães, a prefeitura definiu o retorno das escolas particulares de ensino fundamental. Entretanto, ainda existe na sociedade um debate acerca do assunto, tendo em vista que ainda não se tem previsão de distribuição de vacina contra o Coronavírus.

A coordenadora do curso de enfermagem da Universidade Estácio, Valéria Borges, acredita que existe grande dificuldade acerca do assunto e que o tema deve ser discutido de forma multidisciplinar. “Muito difícil responder sobre estas questões principalmente em se tratando de crianças diante de um vírus ainda pouco conhecido a longo prazo. Não vejo uma solução viável para distanciamento e uso adequado de máscara para estas crianças”.

Segundo ela, o contato ocorrerá. “A utilização de álcool gel, verificação de temperatura, uso de máscara (mesmo que de forma imprecisa) talvez minimize os riscos, mas eles existirão. Acho que a discussão tem que ser multidisciplinar. Sou profissional de saúde para mim toda vida importa. Os psicólogos falam dos riscos psíquicos da falta de socialização destas crianças”.

A Bahia tem registrado mais de 360 mil casos de Coronavírus, sendo que cerca de 8 mil estão ativos. O total de óbitos no Estado é de aproximadamente 8 mil pessoas.

Os dados do último mês de outubro, divulgados pela Secretária de Saúde do Estado da Bahia, registraram a maior taxa de ocupação em UTIs pediátricas provocada pelo Coronavírus. Os números soltaram de 40% para 80% nos últimos 15 dias do mês. A taxa pediátrica se mostra em comportamento inverso em comparação com os leitos de UTI adultos, já que desde de julho os números têm reduzido.

Para que haja o retorno, o governo da Bahia definiu que as instituições devem obedecer aos protocolos de segurança, que vão da aferição de temperatura à manter os alunos afastados na sala de aula. Contudo, Valéria Borges reconhece a dificuldade de algumas práticas entre as crianças.

“Assim, são muitas questões. Deixar nossos filhos em casa, com quem? Muitas destas crianças estudavam integralmente e deixá-las em casa requer cuidados de um adulto que seriam os avós ou babás, que também têm vida social. Logo, consiste em risco para esta criança, porém de cunho individual e não coletivo como em sala de aula” A enfermeira não acredita em distanciamento. “O contato físico ocorrerá. Mas, a avaliação deve ser múltipla com profissionais de saúde, economia, psicologia, pedagogos para que os riscos sejam ao menos pormenorizados”.