No dia 23 de outubro/17, policiais militares do Rio de Janeiro atiraram pelas costas e, matou de forma covarde, uma turista espanhoa de 67 anos, no entorno do Morro da Rocinha.
Na versão narrada pelos policiais envolvidos, o carro que conduzia a turista, não obedeceu à ordem de parar na barreira montada e furou uma blitz e por isso eles atiraram.
Segundo o motorista do carro, um italiano que mora no Brasil a 4 anos e os demais ocupantes do veículo atingido, todos espanhóis, não existia bloqueio e eles nem mesmo viram os policiais.
De forma rápida e exemplar, o comando da PM carioca, para inglês ver, ou melhor, para espanhóis verem, ou melhor, ainda para que o mundo veja como as instituições do Estado brasileiro funcionam, prendeu os dois policiais envolvidos na desastrosa operação.
A versão do fato para a resolução do imbróglio foi a de que os dois policiais não agiram em consonância com os protocolos ensinados e treinados de forma exaustiva, que não prevê, em casos como o relatado, atirar por trás, mas sim, perseguir o veículo em fuga e, se necessário, atirar tão somente nos pneus , afim de impedir que o veículo perseguido consiga empreender a fuga.
Cabe a nós, por um lado condenar a maneira recorrente como as policias no Brasil agem em situações como a que envolveu a turista morta e, por outro, elogiar a forma célere como a corregedoria da PM carioca agiu.
Ao mesmo tempo, cabe-nos, por um lado, condenar a forma covarde como os agentes públicos brasileiros da área de segurança normalmente agem e, quase sempre impunemente, em episódios similares e, por outro, criticar ainda mais, como são os desfechos quando as vitimas não são turistas estrangeiros, prontamente amparados pelo cônsul do seu país. Quero dizer, quando as vitimas são pessoas negras e/ou pobres.
Normalmente, prevalece a versão policial de que, quem estava no carro “suspeito”, desobedeceu a uma ordem policial e trocou tiros com a guarnição. Pior ainda, é que uma arma de fogo é sempre apresentada, no que pese, a perícia não encontrar vestígios de pólvora nas mãos do “atirador desobediente”. E os policiais algozes, quando muito, são “promovidos” a sair das ruas e a fazer trabalhos administrativos na corporação até que “a poeira baixe” e, quando julgados, normalmente por tribunais militares são absolvidos por, simplesmente, terem feito uso da força, em contraposição à resistência dos suspeitos.
A título de ilustração, relembro que em 2004, na cidade de São Paulo, policiais da Força Tática da PM “trocaram tiros” e matou Flávio Ferreira Santana, um dentista negro de 28 anos. E tempos depois, descobriu-se que os PMs envolvidos haviam plantado a arma apresentada nas mãos do negro “delinqüente e atirador” e, também, a carteira de um comerciante que tinha sido assaltado.
A descoberta só foi possível, porque o comerciante assaltado, depois de uma crise de consciência e de remorso, confessou que os policias envolvidos no citado “tiroteio”, o pressionaram para reconhecer, aquele negro, como sendo a pessoa que minutos antes o assaltara.
Normalmente, dezenas, centenas e milhares de negros brasileiros são mortos, diária, mensal e anualmente pelas forças policiais, com tiros na nuca, à queima-roupa, ou pelas costas, dentro de carro ou não e, ainda assim, os policiais algozes são absolvidos por terem agido em legitima defesa, diante da atitude suspeita de alguém que cometeu o crime de ter nascido negro em um país que não conseguiu se libertar dos grilhões que insistem em manter firmes o preconceito, o racismo e a discriminação, como herança da escravidão.
Parabéns Brasil por ter agido de forma célere par mostrar ao mundo que a violência e os desmandos da polícia não encontram abrigo e conivência no pais que se orgulha de ser “a maior democracia racial do mundo”.
Aprenda Trump como agimos e resolvemos os nossos problemas sem dar desculpas!