O município de Serrinha completa nesta segunda-feira, 13, 140 anos de sua emancipação politica de Irará (Purificação dos Campos), decreto da Assembleia Legislativa Provincial sancionado pelo presidente da Província, Luiz Antonio da Silva Santos.
Serrinha era um Arraial e Distrito de Paz desde 1838 e Sítio (ou localidade) desde 1723 quando Bernardo da Silva comprou as terras da herdaeira dos Guedes de Brito, de sua filha Isabel.
Somente 15 anos depois de sua emancipação politica é que Serrinha ganhou a condicão de cidade, em 30 de junho de 1891, na intendência de Marianno Sylvio Ribeiro (1890/1893), há 123 anos.
O nome da Filarmônica 30 de Junho vem daí fundada em 30 de junho de 1896. O Distrito de Paz (separado de Água Fria) é de 1 de junho de 1838.
O que desejo destacar nesse comentário é que Serrinha é uma das localidades mais antigas da Bahia, na região Nordeste e seu original município era imenso fazendo divisa com Tucano, ao Norte; ao Sul, com Irará; a Leste com Água Fria e Nova Soure; e a Oeste com Coité.
Depois, com as emancipações dos distritos de Pedra (Teofilândia), Manga (Biritinga), Lamarão, Araci e Barrocas ficou menor, ainda assim com grande território, sede da Microrregião Administrativa do Estado/NE.
Serrinha tinha um patrimônio arquitetônico dos mais expressivos do Nordeste da Bahia, um casario que erguido desde a época do Brasil Colônia (1549/1822), do Brasil Imperial (1822/1889) - este o mais significativo; e da República Velha (1889/1930) e esse patrimônio foi aniquilado pelas chamadas 'picaretas do progresso'.
Uma situação abominável, cruel, terrivel.
Até a década de 1960, a mancha matriz principal da cidade, a antiga Praça Manuel Victorino (hoje, Luiz Nogueira) ainda convervava boa parte desse casario, alguns exemplares da Colônia e outros do Império. E modelos do neoclássico da República.
Passados pouco mais de 50 anos, tudo foi abaixo. Só restam nesta praça a Igreja Matriz, o local da morada de Bernardo da Silva (a antiga sede da Prefeitura caindo aos pedaços), o casarão da familia Nogueira (repartição da Prefeitura), a casa de Sêo Miroró e a antiga casa do ex-4º intendente Joaquim Hortélio da Silva (1904-1907), em ruinas. Tudo o mais foi abaixo.
Não se pode culpar a esse ou aquele prefeito e sim a todos e a todos os vereadores nesses últimos 50 anos. Isso porque nunca fizeram uma legislação que proibisse essa derrubada.
O tempo foi passado, Serrinha não estava enquadrada dentro dos propósitos do IPHAN e do IPAC entidades que tinham os olhos mais voltados para centros históricos mais antigos (Salvador, Cachoeira, Ilhéus, Itapicuru, Rio de Contas, Mucugê, etc) e o que resta na cidade fora desse centro histórico mancha matriz são alguns exemplares conservados por familias, como é o caso do chalé dos meus avós na praça Miguel Carneiro; a antiga casa dos Pedreiras de Freitas; a casa linha clássica de Edmundo Bacelar na Rua da Estação; e alguns exemplares na Rua Direita, na Barão e Cotegipe e só.
A mancha da antiga Leste Brasileiro, ainda restam a casa de dona Peti, o Hotel (hoje hospital da familia Ferreira), casas de antigos ferroviários e a estação do trem, abandonada.
Infelizmente, esse é o quadro do centro histórico de Serrinha. Os gestores municipais - todos eles - nunca deram atenção a essa aspecto, nem a cultura, salvo algunas festas que fazem para enganar a população, assim mesmo mambembes.
A cidade tinha Carnaval (acabou), tinha São João (acabou), tinha ternos de reis (acabou), tinha saraus literários (acabaram), tinha biblioteca pública (semi-acabou), tinha escola de música na 30 de Junho (está mantida graças a iniciativa privada) e seu calendário cultural não existe.
Esse é o qudro. Os politicos locais entendem que cultura não dá voto; que patrimônio é pra passar o trator por cima; e o que vale são 'politicas sociais', cisternas, tanques, estradas vicinais, num enganatório completo. Não tem uma ação administrativa vitoriosa permanente em Serrinha. Fazem uma coisa ali, outra acolá; e depois desaparecem.
Ação industrial, zero; ação no desenvolvimento de novas tecnologias, zero; ação cultural permanente, zero; e o municipio vai se arrastando, como diz Gilberto Gil, que nem cobra pelo chão, vendo a procissão do progresso passar.
Ainda assim, quem é filho da Serra, a ama.