Daniel Pinto
30/03/2016 às 18:34
Mesmo distante, sempre fica alguma coisa: deve ser o tal sentimento de pertença. Mesmo que haja rancor, algo fica embrenhado. Mesmo que não seja o filho pródigo, fica. Pro bem ou pro mal, a cidade em que você nasceu e descobriu os primeiros mistérios da vida, te acompanha nem que seja numa vaga lembrança. Memória afetiva, trauma, manifestação inconsciente? Seja o que for, fica. Em Salvador, me descobri como gente. Compreendi a beleza de ser negro. Percebi como certos fatos históricos influenciam a vida de um povo.
Aprendi a ser cidadão tolerante, responsável, honesto. Me dei conta de que existem forças além da nossa compreensão... Na primeira capital, convivi com desigualdades. Flertei com o poder e sofri até perceber que o poder é parasita. Também vi uma mãe servir sopa de papelão aos filhos como única refeição do dia. Lá, chorei: me desesperei ao entender que era privilegiado simplesmente por ter o que comer.
Foi difícil, muito difícil compreender, mas minha cidade natal, me fez forte para encarar o mundo com suas belezas e injustiças.
Obrigado, Salvador!
E parabéns pelos 467 anos!
Embora nunca tenha dito, me orgulho de ser seu filho!