Waldir Barbosa
28/11/2015 às 13:52
Mesmo atentos aos despropositados ataques praticados na França, em pontos diversos da Cidade Luz, sexta feira, 13 de novembro último, solidários na dor de tantas famílias, pela perda irreparável de entes amados brutalmente feridos, assassinados, todos inocentes, imolados pelas balas de fuzil disparadas sem direção e bombas explodindo a esmo, ainda estamos perplexos frente a tragédia que se abateu em Mariana e arredores, no vizinho Estado de Minas Gerais.
Aqui, sob milhares de metros cúbicos de lama fina, rejeitos da barragem de Samarco - leia-se Vale - contendo elementos altamente tóxicos, muitas vidas se perderam levadas de roldão, algumas desaparecidas entre animais, bens
de todos os tipos e valores. Isto resulta na contaminação do Rio Doce, fonte essencial para cidades banhadas por suas águas comprometendo o abastecimento regional, prejudicando enfim, com consequências ainda imponderáveis, todo seu
ecossistema. Admite-se o grave risco de rompimento de outras, na possibilidade de serem atingidos até, os corais de Abrolhos.
Dramas da humanidade alcançando os viventes têm duas causas distintas. A primeira, fruto de ocorrências naturais, em contrapartida, outras acontecem em face de ação, ou desídia do homem que poderia, justo observando a natureza,
lhe entender as mensagens. Terremotos, maremotos, tsunamis, vulcões são como mentes conturbadas, estruturas mal acomodadas, capazes de provocar conflitos intestinos gerando ondas de energia destrutiva, responsáveis por matar,
arrasar, desfigurar paisagens, nos panoramas atingidos por sua força destruidora.
Todavia, não penso ser correto falar de violência da natureza, pois, ditos eventos fazem parte da dinâmica universal, desde o Big Bang.
Por seu turno, decerto, atos violentos perpetrados pelo homem poderiam ser evitados, caso os primados de igualdade liberdade e fraternidade, em resumo de respeito a si próprio e aos semelhantes fossem praticados, em todos os cantos desta imensa terra.
No reduto de Joana D’Arc, jovens exercitando fanatismo próprio dos insanos, matam centena e tanto de desavisados. Na terra de Tiradentes, o desleixo, a desídia forjada na ambição, da empresa que garimpa há anos em seu solo, riquezas incontáveis a benefício próprio faz destruir cidades, desabriga e mata dezenas de criaturas. Resta ainda, a contaminação
amarga do rio, antes tão doce, sobre quem vaticinava o poeta Drummond, fosse mais leve a carga.
Tudo no mundo vibra; os seres vivos racionais, irracionais, as plantas, refletindo suas vibrações nos minerais que retornam as ondas, da forma como receberam. Assim, mesmo diante das hecatombes naturais, ou provocadas pelos humanos, há que ter fé em dias melhores, sobretudo exercitando a consciência, na pratica de ações positivas, das mais simples as mais complexas, em favor do coletivo.
Contudo, naufraga a pretensão de viver dias menos violentos, se cada cidadão não praticar dentro das atribuições que lhe são pertinentes, ações sob o manto da ética, da moral e da legalidade.
O que dizer, no tema Repatriação dos Recursos do Exterior, do Governo que sugere e uma Câmara que aprova anistia, aos crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e descaminho, num tempo em que os escândalos envolvendo figuras pares tratam justo destas práticas, até pouco tempo condenáveis. Funciona como mar de lama contaminada, matando a esperança dos homens de bem e induzindo os fracos ao erro, na certeza da impunidade, a
mãe perversa que gera violência.