Carnavalização da Lavagem do Bonfim é agressão à cultura religiosa

Tasso Franco
18/01/2013 às 19:32

 O cortejo à Lavagem do adro da Basílica do Bonfim já dissemos: foi o mais desorganizado dos últimos anos. E, o que parece bem pior: a carnavalkização da festa religiosa está sendo retomada aos poucos, desde quando foi proibida no governo Imbassahy o desfile dos trios elétricos, com trios disfarçados de blocos de percussão, enormes estruturas com vendas de camisas no estilo bloco carnavalesco, o que descaracteriza ainda mais a procissão.


   Algumas dessas estruturas estão sendo patrocinadas pela Bahiatursa, órgão do estado que deveria zelar pelas tradições da cultura local e não apoiar a carnavalização do evento. Pra isso tem o Carnaval em meados de fevereiro, sete dias, o que é um número bem amplo de horas carnbavalescas. Além disso, existem os ensaios e shows pré-carnavalescos para atneder essas demandas.

   Agora, no cortejo ao Bonfim não tem sentido. Salvo se for para anarquizar a festa mais do que já se encontra, sem pé nem cabeça, a ponto, neste 2013, do bloco do PTB (e olhe que o ex-vice prefeito Edvaldo Brito e atual vereador foi um dos arautos e se diz defensor da cultura local) puxar o cortejo e chegar à frente das autoridades e das baianas na colina do Bonfim.

   Uma entidade como Filhos de Gandhy participar do cortejo com um enorme carro de som estilo trio elétrico e cercado de cordas, pelo amor do santo isso é de uma agressão que não tem sentido. No final da saída das autoridades, politicos e entidades, foram vários grupos de trios-disfarçados que desfilaram à moda carnavalesca, com vendas de camisas, carrinhos de cerveja de apoio e assim por diante.
 A tradição do Bonfim é participar do cortejo a pé, subir a colina e orar. Os momentos profanos também sempre fizeram parte da festa, desde os primórdios com os aguadeiros e os escravos, e depois com os carroceiros e cavaleiros. Quando no governo Imbassahy os trios elétricos foram retirados a Prefeitura consentiu fazer um Bonfim Light, fora do circuito, na Marina da Contorno.

   Hoje, a CUT faz um evento pop-carnavalesco à margem do circuito na altura da sede do antigo Baneb do Comércio e Brown pipoca seus tambores no Museu du Ritmo. Agora, o cortejo deve ser preservado para as manifestações da cultura popular - burrinhas, mascarados, figuras populares, grupos tupinambás, grupos afro-baianos, etc - com os pés no chão e bandas de sopro e percussão, depois de passado o bloco das autoridades e das baianas.

   Outro detalhe é o seguinte: a festa está repleta de balões com propagandas do governo do estado e dos partidos políticos. Isso é outra afronta à cultura. Ora, se isso esta acontecendo, em breve teremos balões da coca cola, da skol e assim por diante, como acontece no Carnaval.
   
   Em 2014, dentro dessa nova filosofia adotada pela gestão ACM Neto vamos ver se essas agressões são abolidas.