Os negros descendentes de congoleses são qs mais pobres e atuam no mercado informal
O povo colombiano é muito parecido com o brasileiro sobretudo onde me encontro, em Cartagena de Índias, no litoral do Estado de Bolivar, uma das áreas que teve a maior presença de africanos durante a colonização trazidos do Congo. Como os espanhóis não se miscinegaram como os portugueses no Brasil, há muitos negros por acá, retintos, e mulatos que são chamados de morenos, ambos assemelhados aos baianos.
Esmeralda, a nossa guia, diz que existem 5 classes sociais na Colombia: os muito pobres que moram nas favelas; os pobres que moram nos bairros periféricos; a classe média baixa ascendente que vivem mais próximo do centro; a classe média alta; e os ricos, aqui chamados de "narizes arrebitados", os quais, em Cartagena, moram na Boca Grande e no Laguito, bairros que se assemelham a Pituba e ao Itaigara.
Em Cartagena, as favelas não se misturam com os bairros dos "narizes empinados" e com a classe média alta e se espalham nos sopés dos morros, especialmente em La Popa, onde existe no alto um convento agostiniano. Não é como Salvador que tem o morro Ipiranga convivendo com a Roça da Sabina; e a Centenário com o Calabar. Na Boca Grande favela nem pensar.
NEGROS SOFREM
Os afrodescendentes são os mais pobres e estão em ascensão social. Ainda assim, tudo o que é mão de obra pesada - construção civil, carregadores, portuários, feirantes, ambulantes, sapateiros, etc - fica com os negros. Impressionante. Se parece muito com Salvador também neste aspecto. Há, inclusive, vendedoras de frutas - figura típica local - que se vestem com roupas coloridas (uma baiana estilizada sem torço), todas negras retintas.
Já os afrodescendentes que estão em ascensão na classe média baiaxa arriba não querem saber da África, se vestem à moda ocidental, se miram nos Estados Unidos (país próximo da Colombia) e usam cabelos espichados, lisos. Pouco se vê uma negra com cabelo tererê. E como também acontece em Salvador os negros da classe média não querem saber dos pobres.
Os movimentos afros acá são muito menos intensos do que em Salvador, mas, eles existem e há enclaves muitos próprios dessas comunidades, especialmentes nas ilhas que são 27 nas proximidades da Baía de Cartagena, formando o Arquipélago de Socorro. Há também santeria um movimento do tipo candomblé mais próximo da realidade cubana.
A culinária, que na Bahia tem uma força muito grande da cultura afrobaiana, acá também isso é intenso (não tanto quanto a Bahia) porque não existem moquecas e acarajés. A comida é a base de coco, pimientos, abacate, e com tendência caribenha que se parece com a mediterrânea misturada com a peruna. Muito boa por sinal. Os doces e cocadas sãoimbatíveis. Nas ruas existem muitas tendas de "dulces" de todos os tipos. Uma perdição. (TF)