TROPA DE ELITE II E INCLUSÃO SOCIAL DO COOPERATIVISMO

Sandra Campos
11/06/2011 às 09:02
Foto: DIV
População carcerária mostra drama em Tropa de Elite II
O filme Tropa de Elite II, traz uma mensagem que poucos perceberam, e ela é importantíssima. Os números do crescimento da população carcerária brasileira que é assustador. Fiquei muito impressionada. Fui pesquisar os dados apresentados no filme e descobri que eles eram verdadeiros e isso afeta a todos nós Brasileiros, que devíamos estar desesperados.

O que mais me impressionou é que liguei para mais de dez pessoas que assistiram ao filme e ninguém se lembrava do que eu estava falando. Estes dados são passados logo no inicio do filme e é a parte mais importante e significativa do filme, que mostra uma realidade que temos que enfrentar. Não estou dizendo que temos que perdoar quem comete um crime, estou dizendo que temos que fazer com que as pessoas vejam que trabalhar ainda vale a pena! Vamos provar aos jovens carentes que o crime é ruim, não importa o quanto ele pareça atraente!

Vamos aproveitar o sucesso do filme e a boa vontade dos atores para conscientizar todas as pessoas de bem, da situação que temos pela frente! Quando você ler esse artigo você também passará a responsável, como eu me tornei ao escreve-lo!

Dados apresentados no Filme Trepa de Elite II:

Em 1996 a população carcerária era de 148.000 presos - Em 2006 a população carcerária era de 400.000 presos mais que o dobro.

Segundo o alerta do filme, a população Brasileira carcerária mais que dobra, quase triplica, a cada 8 anos, enquanto que a população Brasileira, que é a soma de tudo, incluindo nós que estamos do lado de fora, dobra a cada 50 anos.

Seguindo estas estatísticas, a estimativa é de que no ano de 2081 a População Brasileira Total deverá ser 570.000.000 e a População Carcerária Prevista deverá ser 510.000.000 ou seja  90% dos Brasileiros estarão presos.

Fora da cadeia, sobram somente 60.000.000. Sei que ainda é muito, porém o número de presos é bem maior. Se o crime continuar crescendo e continuarmos deixando que outros se preocupem em nosso lugar, com certeza um dia não terá mais lugar para a nossa preocupação com este assunto, pois pode ser que passemos a fazer parte do assunto.

A população carcerária do Brasil cresceu quase 150% em uma década (http://www.expressomt.com.br/noticia.asp?cod=95200&codDep=2,). Hoje o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, atrás somente dos Estados Unidos, com 2.297.400 de pessoas presas, e China, com 1.620.000, a situação realmente é preocupante.

Sinceramente, eu jamais havia parado para me preocupar com essa situação. Nunca entrei em um presidio, nunca vivi a humilhação que as famílias passam para visitar um preso, porém não foi a família que cometeu o crime e com certeza não tinha que passar por tudo aquilo para visitar um parente. Se um filho meu fosse preso, com certeza eu daria minha vida, se possível fosse, para tira-lo de lá, pois a cadeia é o pior local do mundo em que um ser humano pode ser colocado.

Eu fui assaltada sete vezes e muitas vezes vi nos olhos das pessoas que me assaltaram que elas não tinham opção. Muitas vezes a pessoa é realmente empurrada para a vida do crime. Sei que este é um assunto muito complicado e que cada pessoa tem uma opinião diferente, porém o problema existe e não podemos nos omitir. Temos (sociedade civil) que nos unir com o poder público, direitos humanos, entidades de classe e, principalmente, as igrejas para acharmos uma solução antes que seja tarde demais, temos que cobrar uma solução, não adianta fazermos apenas um  movimento depois que as pessoas morrem vitimas do crime que faz vitimas todos os dias.

No Brasil ainda temos a triste e real estatística anual de 570.000 meninas entre 10 e 14 anos que são mães, que provavelmente vão ser mãe novamente e serão excluídas do mercado de trabalho. Os Pais destas crianças também são adolescentes, muitas vezes de classe social muito baixa e com pouca cultura, que veem seus pais ganhando um salário mínimo cada um, saindo de casa às três ou quatro horas da manhã e retornando ao anoitecer, envelhecendo muito rápido com migalhas, passando necessidade.

Enquanto isso, o "bandido" tem poder, fica em casa, acorda ao meio dia, tem as mais lindas garotas do bairro, tem carro, tem tênis de marca, tem dinheiro para comprar coisas boas no mercado, vai ao shopping, cinema, lanchonetes com os amigos, esbanja comprando roupas de marca, sai para curtir o fim de semana na praia, tem dinheiro para esbanjar!

Quando este mesmo adolescente de família carente compara a renda de sua família, que é de R$ 1.300,00 e vivem passando necessidades, com agua e luz na eminência do corte, quando não tem um "gato" para ter a energia elétrica, na maioria das vezes moram de aluguel ou numa casa bem humilde, jamais vão ter um carro, a mistura é algo muito raro no prato da familia, o material escolar é o que vem no kit do governo, ele torna-se uma presa fácil para o crime, pois esse jovem tem sonhos e ele acha que o crime fará com que ele alcance mais rápido esse mundo, onde ele será o dono da verdade e quando ele entra é um mundo sem volta.

É aqui que entra o cooperativismo.   Através do cooperativismo estes mesmos trabalhadores podem trabalhar próximos às suas comunidades, levando uma vida mais tranquila e recebendo uma remuneração mais digna e compatível.  Desta forma, pais participarão mais da vida de seus filhos, mesmo estando trabalhando.  O cooperativismo é uma grande ferramenta de inclusão social e resgate da cidadania, como todos sabem, mas precisa de espaço para agir, precisa de apoio e incentivo da iniciativa pública, enfim, precisa da ação de grandes benfeitores para que consiga atingir estes necessitados, que muitas vezes desconhecem esta opção ou têm uma visão deturpada da mesma.

Bom, fazer um texto e ficar se lamentando atrás de um computador também não resolve muito, vou levantar da cadeira e mostrar os números a pessoas que como eu estejam dispostas a mudar a realidade!

Não sou dona da verdade, mas estou disposta a conhecer pessoas que saibam muito mais que eu. Acho que esportes, trabalho, educação, cultura, amor e, principalmente, Deus no coração desses adolescentes pode ajudar muito.

Vamos nos unir para fazer com que os dados apresentados no filme virem apenas ficção!

Não estou dizendo que a pessoa que comete um crime não deva pagar pelo que ela fez e não incentivo que ninguém faça nada de errado. Mas vamos incentivar as pessoas a não entrarem na vida do crime.

** Sandra Campos -   Editora Chefe - Portal e Revista EasyCOOP