A TORRE SINGELA DE SÃO PEDRO DE RATES

Christovão de Ávila
21/05/2011 às 20:02
Foto: BJÁ
A Torre da fortaleza de Garcia D'Ávila, em Praia do Forte, abre a visitação pública
 

Dentre as atividades previstas para a Bahia, em comemoração dos 150 anos de instalação Farol de Abrolhos, o Comando do 2º Distrito Naval programou diversas atividades, visando chamar a atenção da população sobre a importância dos faróis brasileiros para a segurança da navegação, dentre elas a abertura à visitação pública do Farol Garcia D'Ávila, localizado em Praia do Forte, a partir de 21 de maio.

Resgata-se um precioso patrimônio da Bahia e do Brasil, localizado na região da antiga Torre de Garcia d'Ávila, que guarnecia os caminhos marítimos em defesa do norte da capital, enquanto servia de atalaia ao tráfego marítimo.


Fundada por Tomé de Souza, em 1549, a cidade do Salvador da Bahia, Garcia d'Ávila 1o construiu, em 1551, uma torre de defesa e sinalização, por ordem de D. João III, que denominou "Torre Singela de São Pedro de Rates", conhecida também como Torre de Tatuapara, ou Torre de Garcia d'Ávila, depois o Solar e sua Capela de Nossa Senhora da Conceição, tendo o Castelo da Torre sido concluído em 1624, por seu neto e herdeiro Francisco Dias de Avila Caramuru.


Os regimentos que eram dados aos capitães de navio que patrulhavam a costa passaram a nomear a Torre, por baliza de sua navegação.


Gabriel Soares (1584) encontrou-a "próspera e hospitaleira" e "onde navios têm boa abrigada e surgidouro"; e já em 1587 se compunha "de moradias e defensas, capela e baluarte vigilante onde ardiam, em circunstâncias especiais, fogos sinaleiros".


Colocada em situação privilegiada, a famosa base militar da Torre, guarnecia os caminhos que conduziam ao Nordeste, enquanto servia de atalaia ao tráfego marítimo, fiscalizando o movimento de embarcações que demandavam ao porto da Bahia, através de interessante semáforo, que teve destacada importância nos tempos das invasões holandesas, até que, em 1668, resolvera o Governo Geral estabelecer, oficialmente, aquele sistema de avisos entre as povoações litorâneas.


O então Morgado da Torre, Garcia d'Avila 2o, encarregou-se dele, combinando os fachos (almenaras) de sinalização de seu baluarte, com um segundo facho na aldeia jesuítica de São João - hoje Jacuípe, o terceiro na aldeia do Espírito Santo - hoje Vila Abrantes, o quarto em Itapoã e o quinto em Rio Vermelho, já visível da fortaleza de Santo Antônio da Barra, sendo a capital avisada da aproximação de navios, invasores e piratas.

No dia 22 de janeiro de 1808, foi o primeiro contato com o Brasil, da Esquadra Real conduzindo a Família Real Portuguesa:


"... a Esquadra Real apercebeu-se da proximidade da costa do Brasil, na altura da Torre de Garcia D'Avila ..." (Pedro Calmon - História do Brasil)


Era então o administrador do Morgado da Casa da Torre, no castelo, o Coronel do Regimento de Milícias e Marinha da Torre, futuro Barão e depois Visconde da Torre de Garcia d'Ávila, primeiro titular do Império do Brasil, recebido o título no dia da coroação de D. Pedro I.