LUTA, REALMENTE UM SUBSTANTIVO FEMININO

Josias Gomes
08/03/2011 às 08:05

Foto: DIV
Camponesa paraibana Margarida Alves

A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres produziu um livro precioso sobre as valorosas mulheres que combateram a cruel ditadura militar (1964 a 1985). À obra, publicada pela editora Caros Amigos, não poderia ser atribuído outro título senão "Luta, Substantivo Feminino". Mais justo, impossível.


As mulheres, não somente as guerreiras que combateram a ditaduta, mas as que combatem no seu dia-a-dia toda sorte de dificuldades, preconceitos e violência, têm por mérito e direito todas as conquistas que vêm acumulando nas últimas décadas. Não somente o voto, mas a participação política efetiva e qualificada. Não somente o acesso ao mercado de trabalho, mas a garantia do respeito e tratamento livre de discriminações.


Quantas mulheres tiveram papel decisivo para que as conquistas pudessem hoje ser festejadas, embora a "luta, substantivo feminino" ainda não tenha alcançado todos os seus objetivos.


A hora, pois, é de reverenciar as grandes mulheres que nem sempre são lembradas e exaltadas como deveriam. É momento de festejar a líder comunista Ana Montenegro, grande advogada cearense que chegou à Bahia na década de 40 para quebrar tabus e enfrentar o poder opressor. Coube a essa guerreira memorável fundar, em 1945, a União Democrática de Mulheres da Bahia, isso quando a luta feminista apenas se iniciava no mundo.


Como passar um 8 de março sem lembrar os maravilhosos exemplos da também saudosa Margarida Alves, líder camponesa paraibana, que combateu a desigualdade e a pobreza no campo. Foi responsável pela conscientização e organização de diversas comunidades, especialmente no interior de Pernambuco, tornando-se mártir da luta camponesa. Em sua homenagem e pela sua inspiração, existe hoje a Marcha das Margaridas, movimento que combate a fome, a pobreza, a violência sexista e busca construir um novo Brasil com igualdade de gênero.


Não poderia também passar a data sem prestar uma homenagem a duas grandes prefeitas de nossa Bahia. Uma delas é Cecília Petrina, prefeita de Itiúba em seu segundo mandato, mulher reconhecida por seu exemplo de participação feminina na vida social de sua comunidade. A outra é a prefeita de Lauro de Freitas, minha querida amiga Moema Gramacho. Sobre Moema, apenas transcrevo as palavras lapidares do saudoso jornalista Jânio Lopo:


"Moema está na capacidade de enfrentar as adversidades e vencê-las, de transformar, de revolucionar e derramar cada pingo de suor que brota do seu rosto em favor de suas causas, de suas nobres causas. Lauro de Freitas tem a honra de ser administrada por uma mulher de fibra, de raça, que não tergiversa, que não discrimina, não persegue, não maldiz e tampouco zomba das agruras do seu povo. Muito pelo contrário. A marca de sua administração é o social. É o cuidado com a criança, com a juventude, com o idoso".


São mulheres como essas que dão sentido e valor ao 8 de março. Através delas, presto minha homenagem a todas as mulheres da Bahia, exortando-as a identificar-se cada vez mais com aquele substantivo comum, mas que lhes é tão próprio: a luta.


Josias Gomes (PT) é deputado federal. Email: dep.josiasgomes@camara.gov.br